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Toda a brigada tem um cabo... todo o cabo pode chegar a Imperador... todo o Imperador pode mudar o destino de uma nação ... todas as nações podem mudar o destino do mundo ou não...

domingo, 2 de dezembro de 2007

Como é difícil acordar calado

Olá Caros Bloguistas Militantes

Hoje 3 de Dezembro, é o dia da Pessoa com deficiência.

algum tempo, que estava para escrever este post, que apesar de ter a data de 2 de Dezembro foi acabado de escrever dia 3.

Como é difícil acordar calado, quando se vêem trapalhadas, não dos políticos mas dos técnicos, que não ligam nenhum ao público que deveriam servir.

O que eu vos vou transmitir, já não é novo.

De facto já o fiz e coloquei a quem de direito na "altura".

Mas sabem não ser da mesma "cor" faz com que a sociedade fique com menos valias.

Sabem, não sou xenófobo nem racista, nem nada dessas coisas, nem quero, nem poderia ser.

Mas, a discriminação, é algo que me faz um pouco de confusão.

Uma pessoa, ou várias, podem ter boas ideias, mas se não pertencerem à "cor", as ideias ou são rejeitadas ou nem sequer são ouvidas, ou pior são ouvidas, seguidamente dão-nos um rotundo não, e depois mais tarde quando ninguém se lembra de nada aproveitam as ideias como sendo suas.

É o que se está a passar por exemplo numa das freguesias de Lisboa, onde eu fui autarca, mais não digo.

O facto de não ser da cor, "branco", "negro", "amarelo", "cinzento" ou "vermelho"... estenda-se aqui á cor partidária, á convicção religiosa, e a tudo que vós podeis imaginar, é um factor discriminatório e redutor.

Se, se parte do princípio, que determinada pessoa ou grupo de pessoas,só por não serem da "cor", são acéfalas ou nos querem mal.. é algo que deve ser inato ao ser humano... e que nos prejudica a todos...

Pois, é de discriminações que eu hoje vou tentar falar.

Anteontem, Sábado, ia eu ás compras ao mercado da minha freguesia, quando vi, com dificuldades, uma cidadã de cadeiras de rodas eléctrica, a tentar locomover-se nas ruas da minha freguesia, pra ir ao mercado.

A dificuldade e as manobras que ela teve de fazer, tanto para encontrar um caminho mínimamente direito, como para passar entre os carros selvatica e desordenadamente arrumados.

Fiquei piúrso.

A sério, fiquei mesmo piúrso.

Só me apeteceu dizer , com Mil Milhões de Macacos, que cambada de flibusteiros.

E sabem porque é que fiquei piurso?

Porque há cerca de 4 anos atrás, apresentei uma proposta de reformulação de passeios, que visava particularmente os cidadãos com dificuldades de locomoção.

Situemo-nos, as estradas e os passeios das maioria das nossas cidades são uma"merda" ( pronto já disse , não quis estar para aqui a ser arrevesado).

São: 1- mal feitos, mal concebidos, mal planeados,mal arranjados;
2- curtos,
3- cheios de buracos, cheios de falhas e irregularidades nas juntas;
4- inseguros;
5- escorregadios;

E para além disso propiciam inúmeros acidentes.

Quanto ao ponto 1, são mal feitos porque já não existem "mestres" calceteiros em número suficiente, para passarem o saber da arte dos passeios, logo estes não ficam bem feitos, o que implica, que o arranjo dos mesmos sofra do mesmo mal, e isto tudo leva a que a sua concepção e planeamento também saia prejudicada.

Quem concebe e planeia os passeios, não tem em conta o peão na cidade, pois faz os passeios demasiado curtos para quem nele se tem de locomover, isso sustenta o ponto 2, com a agravante que quem se locomove mal, sai grandemente prejudicado, ficando mesmo impedido de transitar.

Quanto ao descrito no ponto 3, todos os dias quem anda por aquele tipo de passeios, sofre na pele e nos pés.

Os buracos, não arranjados, provocam-nos entorses, e ás vezes membros ou costelas partidas, o mesmo se passa com as falhas e com as irregularidades das juntas, sendo que estas duas últimas são um tormento para as senhoras que usam salto.

Mas não só, para as pessoas com dificuldade de locomoção, são um martírio, bem grande, sabem o que é andar com um automóvel numa estrada com buracos, não sabem?

Agora imaginem, a dificuldade que não deve ser, alguém com uma cadeira de rodas, que é puxada a braços e não tem um motor auxiliar com a potência de qualquer automóvel, é que atleta para-olímpicos há poucos...

Para além de que os buracos ficam dias, ás vezes anos por reparar.

E por último os pontos 4 e 5, são inseguros e escorregadios, são inseguros, porque as irregularidades provocadas por uma não total horizontalidade, ou seja aos altos e baixos, causam desiquilibrios, mau andar, etc... já para não falar dos obstáculos que as juntas e as câmaras colocam a desproposito, como é o caso dos pilaretes, sinais de trânsito... ( nunca compreendi porque é que os sinais de trânsito não podem estar na parede dos edifícios, em vez de estar a ocupar locais na rua e a dificultar-nos a locomoção).

Escorregadios, porque quando molhados (o que não é necessariamente no inverno), não deixam as solas aderir bem ao passeio, provocando bastantes quedas, algumas com gravidade.

A maioria de nós, não está alertado para estes factos, nem sequer liga muito, é capaz de se indignar quando vê uma situação dessas, mas só quando sofre na pele é que quer que se tomem medidas.

Por mim, quanto a isso estou á vontade, porque, tanto insisti, antes, durante e depois.

Eu explico, já senti na pele, a dificuldade em nos locomovermos nestes passeios, da apelidada generalisticamente, mas mal, de calçada à portuguesa.

Impõe-se aqui um esclarecimento, a apelidada calçada à portuguesa, é composta por pequenos blocos de calcário brancos, ornamentados por pequenos blocos de calcário negro, que vão formando desenhos, quando expostos uniformemente nos nossos passeios.

Encontramos isso em diversas cidades e locais de Portugal, como é o caso do Rossio em Lisboa, e também no estrangeiro, como é o caso de algumas ruas do Rio de Janeiro.

Calçada Portuguesa, não é sinónimo de blocos de calcário branco, todos juntos no chão a formar um passeio.

Isso não é calçada portuguesa, isso é um passeio de blocos de calcário branco.

A calçada portuguesa, necessidade manutenção frequente, de mão de obra altamente especializada, que são os calceteiros, orientados por mestres calceteiros, profissão que está em extinção, e que actualmente existem pouquíssimos mestres que saibam bem da arte.

A arte de fazer desenhos e colocar blocos de calcário, todos certinhos, uniformes, e por incrível que seja, a última pedra, é a pedra de toque, a pedra que sustenta todo o passeio, não é par qualquer pato marreco com aspirações a ser pato bravo... leia-se subempreiteiro.

A solução é simples a meu ver, e eu em Lisboa, já apresentei a solução, mas como não era da cor...

Os espanhóis e não só, tem blocos de cimento branco, que são estilo peças de "LEGO", e veem em quadrados já pré-feitos, todos os problemas que referi em cima ficam ultrapassados, perfeito para ser entregue a patos marrecos com aspirações a patos bravos.

Existem outros exemplos, também em cores claras, em outras cidades europeias.

Mais, um dos argumentos para Lisboa é que o passeio tem de ser em calcário porque é típico e dá uma luminosidade à cidade.

Quanto ao típico, é claramente um mito urbano, que só serve aos senhores das grandes pedreiras que vendem o calcário, pois tipico é só a calçada à Portuguesa, essa sim deve ser mantida, nos locais onde existe, que são na sua maioria os locais turísticos.

Quanto ao branco, os blocos de cimento branco penso que tem a mesma capacidade de refracção da luz que o calcário, mas são seguramente mais seguros, e para quem tem dificuldade de locomoção mais prático para andar.

E eu prescindo de um pouco menos de luminosidade em benefício da segurança e da locomoção de quem tem mais dificuldade.

Mais um, beneficio, quando tem de ser arranjados, não precisam de mestres calceteiros, pois é só retiram um bloco com blocos, e colocar outros, ficam assim os mestres calceteiros que ainda existem a saber da arte, só a tratar da calçada á portuguesa que existe na parte histórica.

Vêem, como a solução é fácil, vêem como é difícil acordar calado, é por isso que eu me dano.

Cálice - Chico Buarque e Gilberto Gil

(refrão)
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta

(refrão)

Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa

(refrão)

De muito gorda a porca já não anda
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito, resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade

(refrão)

Talvez o mundo não seja pequeno
Nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça
Minha cabeça perder teu juízo
Quero cheirar fumaça de óleo diesel
Me embriagar até que alguem me esqueça

Ele há cargas fantásticas, não há? Mas com buracos no caminho, os cavalos vão caindo e nós não ganhamos a batalha.

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