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Toda a brigada tem um cabo... todo o cabo pode chegar a Imperador... todo o Imperador pode mudar o destino de uma nação ... todas as nações podem mudar o destino do mundo ou não...

terça-feira, 27 de agosto de 2013

O DESEMBARQUE NA NORMANDIA PERMANENTE DOS BOMBEIROS PORTUGUESES.

Para quem não se lembre o Dia D 06.06.1944, foi o desembarque nas praias da Normandia, em que milhares de soldados aliados deram a vida, para que hoje não vivessemos a tirania Nazi.
Já passaram quase 60 anos, mas a memória desses ainda perdura para muitos.
Mutaits Mutandis, com os Bombeiros portugueses sazonalmente é a mesma coisa, todos os Verões, na época dos Fogos Florestais, milhares se sacrificam, e vão apagar os fogos florestais que assolam o nosso país.

Alguns vão e não voltam.
E este ano tem sido demais, aliás só a morte de um/a bombeiro/a já é sempre demais.
Comparo os fogos florestais portugueses ao Dia D - porque tal como os aliados antes da guerra, e perante os sinais claros da Alemanha que se estava a preparar para a Guerra, preferiram ignorar e firmar acordos de paz em vez de prevenir uma calamidade que se adivinhava e que no final deu no que se viu.
Milhares de pessoas mortas, genocídio do povo judeu, milhares de milhões de prejuízo, culturas agrícolas destruídas durante anos, património cultural destruído, ecologicamente atentados graves que hoje ainda sofremos com isso, embora disso não se fale.
O(s) Governo(s) de Portugal, tal como os governos no tempo da II Guerra mundial,preferem ignorar, e não prevenir.
O(s) Governo(s) de Portugal preferem e gastam mais no combate a fogos do que na prevenção dos mesmos.
Que interesses ocultos estarão por trás desta cultura errada que o(s) Governo(s) de Portugal assumem por nós?
Porque é que os fogos aumentaram quando foi retirado da força aérea o apoio aéreo aos fogos florestais?
Bom na verdade, aumentaram 2 anos antes disso, até parece que foi propositado tendo em vista criar uma necessidade de terem de existir outro tipo de intervenção por parte de empresas privadas no combate aos fogos com meios aéreos.
Porque é que o(s) Governo(s) de Portugal, não investem em material  (viaturas e equipamentos) com regularidade nos corpos de bombeiros, deixando às associações de bombeiros terem de defrontar flagelos públicos com meios associativos sem a devida, justa e mais que merecida compensação?
É para o bem público que as associações de voluntários trabalham, e poupam milhares de euros, por serem voluntários, pois se fossem profissionais e pertencentes ao Estado era muito, mas muito grande a fatia que uma força dessas implicaria no orçamento Português.
E já agora esclareçamos e retiremos todas as dúvidas que o facto de serem voluntários não possuem preparação. Só falará assim quem tem desconhecimento ou quer por interesses profissionais e corporativos denegrir o conhecimento, horas de estudo, preparação, treino e formação que os Bombeiros Voluntários possuem, tal como os seus pares e colegas profissionais.
Temos assistido a uma constante, mal feita, dirigida e lesiva legislação que condiciona, não ajuda e é muito prejudicial para os bombeiros portugueses, feita por interesses corporativos que querem uma profissionalização dos corpos de bombeiros.
O que tem saído a todos prejudica, tanto aos bombeiros como às populações.
O exemplo das ambulâncias do INEM é bem paradigmático, a exigência de formações sem sentido, sem terem em contas os horários laborais e a condição de voluntário, são outro exemplo.
Sim, até nos bombeiros, quero dizer nas chefias dos bombeiros temos dirigentes que não sabem o que fazem e que andam ao saber de interesses, sim também nos bombeiros, ou seja não é diferente dos outros sectores da nossa sociedade, só que aqui é mais grave pois é o SOCORRO que está em causa, são vidas de pessoas e a disponibilidade de quem se predispôs a fazer esse trabalho.
Mas existem situações mais graves, e este ano temos assistido a isso, olhando bem para a legislação que saiu, temos a seguinte aberração :Se um carro de bombeiros arder no combate aos fogos, a corporação é ressarcida a 100% se a viatura tiver menos de 7 anos, mas conforme os anos da viatura ardida ou perdida vai aumentando menor será a percentagem de compensação ao corpo de bombeiros, chegando até aos 25%.
A este decreto presidem 3 filosofias erradas:
Logo a primeira, é o pensamento pequenino de muitos presidentes de associações de enviarem para o fogo as viaturas já com quase 7 anos para lá ficarem e arderem para terem depois mais tarde material novo comparticipado a 100%. Isto entronca na falta de apoio permanente e necessário a todas (repito) a todas, e não só a algumas corporações de bombeiros. O calendário, a planificação e a escolha dos equipamentos por parte da Autoridade de Protecção Civil, é burocrática, lenta, errada, é o funcionalismo público  no seu pior, aquele que todos rejeitamos e abominamos, e isso tem consequências, apesar de estarem equipados, as corporações de Bombeiros não estão devidamente equipadas e muitas vezes uniformemente equipadas.
Assistimos com frequência às associações irem à Alemanha, Holanda, e outros países, chegando com viaturas com alguns anos mas melhor equipadas e com maior capacidade do que a maior parte das viaturas carroçadas em Portugal ou que ganham os concursos internacionais na aquisição de viaturas por parte da Autoridade de Protecção Civil, para equipar os corpos de bombeiros.
Assiste-se assim a uma escolha errada de materiais e viaturas que não correspondem às necessidades reais do país e dos seus corpos de bombeiros,por pessoas que não estão habilitadas para o fazer por estarem fora da 1ª linha de combate à muito tempo ou que nunca lá estiveram, que não se informam do que internacionalmente é produzido ou mais grave querem poupar na prevenção e no equipamento, e isso mais tarde é pago com vidas de bombeiros como de outros cidadãos ou então devido a não termos os meios adequados, o socorro  não é tão eficaz, e enviamos as pessoas para fisioterapias prolongadas e às vezes com lesões irreversíveis porque houve alguém que decidiu poupar uns tostões e fez com que os meios e o socorro não fosse tão eficaz (isso aconteceu à uns anos atrás quando se apressou um concurso internacional e se atrasou a saída da legislação que obrigava a que as Ambulâncias tivesse desfibrilhador. Resultado as Ambulâncias foram entregues sem esse equipamento, a legislação saiu na semana seguinte e os corpos de bombeiros foram obrigados a comprar o desfibrilhador, que até já tinha na Ambulância o compartimento destinado a ele, escusado será dizer que houve corpos de bombeiros que por não terem essa capacidade financeira não equiparam as suas Ambulâncias com esse equipamento essencial), prejudicados fomos todos nós e houve vidas que não foram salvas por isso.
A segunda filosofia errada, é a da União Europeia, que não uniformiza procedimentos, apoios aos corpos de Bombeiros da União.
A U.E. já devia ter implementado FORÇA DE COMBATE EUROPEIA DE PROTECÇÃO CIVIL.
A União Europeia, devia ter sediada em 4 países da União, 4 regimentos de Bombeiros de intervenção rápida e multidisciplinar, prontos a intervir em todo o mundo.
Este Regimento que devia estar sempre preparado para toda e qualquer catástrofe.
Na época dos fogos florestais na Europa esta força especial de intervenção actuaria nos países em que a calamidade fosse maior e necessário.
Seria um Regimento bem equipado, com aviões, viaturas, equipamentos, e homens que eram mobilizados nos diversos países e aí "cumpririam" uma missão de serviço. A existir, ou melhor quando existir esta força pioneira vai revolucionar a filosofia de combate, pois temo potencial de aliar, instruir, praticar e conjugar os diversos conhecimentos e técnicas de combate e actuação praticadas na Europa para os diferentes sinistros.
Isto sim seria Solidariedade efectiva da U.E., no que diz respeito às catástrofes, a capacidade de mobilizar milhares de bombeiros e equipamentos do norte da Europa para ajudar o sul no Verão nos fogos florestais, e mobilizar os bombeiros do sul no Inverno nas catástrofes naturais do Norte da Europa no Inverno...ou quando fosse necessário.
Terceira filosofia errada, está nas más práticas das autoridades, que não cuidam do que é público, nem fazem planeamento. Os fogos de verão previnem-se no inverno e as cheias de inverno previnem-se no verão.
O que frequentemente assistimos são os bombeiros valorosa e abnegadamente a intervir e a salvar pessoas e muitas vezes darem vida por vida.
E isto porque nós não previmos, não prevenimos e não actuamos antes do tempo ( e quando digo nós refiro-me não só ao Estado mas a todos nós. Todos somos responsáveis quer seja por acção,  quer seja por omissão).
Somos um povo com ideias e até sabemos a solução dos problemas, mas que só os verbalizamos em conversas de café/bar, ou numa conversa entre amigos, mas que não os fazemos nos locais públicos que lhe são devidos. TEMOS MEDO DE TOMAR POSIÇÃO.
Pois bem o país está em Estado de catástrofe, está na hora de tomarmos posição, de exigir, de pedir responsabilidades, de divulgarmos as nossas ideias para que elas possam ser escrutinadas.
Muitos falam em prevenção e muito bem, já pensaram os milhões que se poupariam com a prevenção em vez de os gastar com o combate.
É que os Milhões de euros investido na prevenção são duradouros e rentabilizados, enquanto que os gastos na actuação são efémeros, e estão sempre a ser usados todos os anos e aumentando de ano para ano.
Por mim eu prefiro que os Bombeiros fiquem no quartel e só saiam quando for realmente importante e necessário.
Os Bombeiros são necessários, mas a sua actuação é mais lógica e necessária quando estes têm de sair para um sinistro que apesar de existir prevenção e previsão devido aos imponderáveis da vida acontecem.
Aliado a tudo isto temos uma floresta desordenada mal cuidada, sem pontos de tomada de água, sem asseiros ou seja tudo o que é para dificultar a vida aos bombeiros e a quem cuida e protege a floresta está presente na nossa mancha florestal.
Defendo que a nossa população prisional deveria ser parte integrante do serviço de protecção civil capitulo da prevenção, a limpeza da floresta, abertura de asseiros e outras tarefas que são necessárias para manter uma floresta protegida e também tudo o que seja necessário para prevenir as cheias, deviam ser feitos pela população prisional. Estes cidadãos que estão privados da liberdade, não podem simplesmente estar presos, a filosofia que preside ao encarceramento é a da reabilitação social. Esta é uma forma de reabilitação social, é uma forma de eles pagaram a dívida que tem para com a sociedade e que os levou a serem encarcerados.
Não digo que eles vão trabalhar gratuitamente. Não, nada disso. Receberiam o salário mínimo por esse trabalho. Só que descontariam para a segurança social tal como fazem os outros cidadãos, e tal como se fazia no serviço militar obrigatório, a comida a dormida as roupas que lhe são fornecidas são descontadas do seu salário, e o que sobra é colocado numa conta em nome do individuo encarcerado. De maneira a quando este sair, tenha dinheiro para fazer face às primeiras necessidades, pois imagino que deve ser difícil ser reintegrado se dinheiro não tiver. Assim o individuo, tem dinheiro porque o ganhou trabalhando para o bem comum, sabe que se reincidir no mundo do crime e for apanhado, não vai para a prisão para lá estar sem nada fazer.
Penso que implementando esta visão, pouparíamos trabalho aos bombeiros, pouparíamos dinheiro a todos nós, pois todos somos o Estado, poupar-nos-ia ao flagelo de ver milhares de hectares de floresta ardidos e ao flagelo de cheias que no inverno matam muitas pessoas e levam algumas habitações e principalmente pouparíamos todo o país ao desgosto de ver morrer os bombeiros que caem porque existe uma negligência colectiva que os mata.




Madrugada

Duarte Mendes

Dos que morreram sem saber porquê
Dos que teimaram em silêncio e frio
Da força nascida no medo
E a raiva à solta manhã cedo
Fazem-se as margens do meu rio.
Das cicatrizes do meu chão antigo
E da memória do meu sangue em fogo
Da escuridão a abrir em cor
Do braço dado e a arma flor
Fazem-se as margens do meu povo
Canta-se a gente que a si mesma se descobre
E acorda vozes arraiais
Canta-se a terra que a si mesma se devolve
Que o canto assim nunca é demais
Em cada veia o sangue espera a vez
Em cada fala se persegue o dia
E assim se aprendem as marés
Assim se cresce e ganha pé
Rompe a canção que não havia
Acordem luzes nos umbrais que a tarde cega
Acordem vozes e arraiais
Cantem despertos na manhã que a noite entrega
Que o canto assim nunca é demais
Cantem marés por essas praias de sargaços
Acordem vozes, arraiais
Corram descalços rente ao cais, abram abraços
Que o canto assim nunca é demais
O canto assim nunca é demais


A BRIGADA ESTÁ TRISTE E PRESTA
HOMENAGEM AOS COLEGAS BOMBEIROS QUE FALECERAM