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Toda a brigada tem um cabo... todo o cabo pode chegar a Imperador... todo o Imperador pode mudar o destino de uma nação ... todas as nações podem mudar o destino do mundo ou não...

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Má sorte ter sido puta

Olá caros bloguistas militantes

A sida é um flagelo deste civilizado século...

Uma pandemia, para a qual, teimosamente ainda não encontrámos a cura.

Urge combate-la e as armas são desproporcionais, combater o desejo e manter a cabeça fria em certos momentos, só se consegue teoricamente.

E combater dogmas pré-feitos, e ensinamentos pseudo-religiosos, que caíram depois da revolução sexual dos anos 60, mas que alguns irresponsavelmente teimam em persistir, e perssistindo contribuem para a morte.

A falta de conhecimento dos pais deste país, a falta de capacidade da sociedade, para, nas escolas darem uma educação sexual, preventiva, elucidativa, torna-se desesperante assistir a isto.

E a sida alastra.

Acresce a tudo isto os negócios de aluguer, ou dizendo de outra maneira, a mais antiga profissão do mundo, algo transversal na nossa sociedade.

A prostituição quer feminina, quer masculina, seja ela hetero ou homosexual , é uma realidade à qual fechamos os olhos.

Não basta dizer que somos uma sociedade de direitos, também temos deveres, e o dever de pugnar para que alguns direitos sejam efectivados,

Não podemos em certos e determinados aspectos não os encaramos e assobiamos para o ar, á espera que eles desapareçam.

A prostituição existe e o respectivo e acessório de chulice que se abastece desse negócio de aluguer também.

Se o primeiro é difícil acabar com ele, quanto ao segundo medidas podemos tomar para que se acabe ou se restrinja fortemente a sua prática.

Temos assistido que o negócio da noite, seja ele legal ou ilegal, tem dado problemas, e vai continuar a dar, isto se insistirmos a não cuidar dele, ou tratando-o como filho de um deus menor.

A noite do Porto, está controlada por mafias, assim como outras noites, mas não se sabe.

E isto só acontece porque assobiamos para o ar, porque deixamos os autarcas dar licenciamentos a esses estabelecimentos para ficarem abertos até horas impróprias, porque não se querem chatear, se eles e outros políticos autorizassem com regras e se a sua conduta não fosse omissa, já existiria legislação na área eficaz...

O facto de termos estabelecimentos autorizados a ficarem abertos até ás 4, 6 ou 8 horas da manhã, ou mesmo sem fechar (ás vezes abertos ilegalmente diga-se), é causador de perturbações, principalmente para o outro comércio que ás 6 da manhã abre para dar pequenos-almoços ao povo trabalhador, e que "leva" com os bêbados da noite a fazer distúrbios e a espantar a clientela.

O laxismo na emissão de licenças, assim como a falta de fiscalização, é gritante e urge por cobro.

Abrir até tão tarde, além de prejudicarem a produtividade nacional, pois "Quem tarde sai, cedo não trabalha" ou não rende nos estudos, para além disso são factores propiciadores de actividades menos lícitas.

Acresce aqui a responsabilidade das famílias, esta está fortemente posta em causa, quando se veêm "putos" de 16, 14 ou 12 anos (como eu já vi) a frequentarem bares de shots e discotecas, e saírem de lá bêbados como nós nunca estivemos, e os pais irem-nos buscar de carro, sem se preocuparem, temos logicamente de responsabilizar as famílias.

Algo está mal na sua base.

Voltando aos negócios de aluguer... a Holanda, a Alemanha, e outros países, resolveram bem e há muito tempo a questão.

Regulamentaram a prostituição, policiam-na e fiscalizam-na.

Os trabalhadores e as trabalhadoras do sexo, sentem-se seguros, estão colectados nas finanças e o seu negócio é legalizado, e eles não são tratados com marginais.

Sendo legalizado, regulamentado, não obscuro, acabaram assim, esses países, com a dependência de quem é trabalhador/a do sexo da protecção de chulos e outros parasitas mafiosos.

Quem a essa profissão liberal se dedica, contribui para o desenvolvimento do país.

Isto não é nenhum ovo de Colombo, veja-se o exemplo do que aconteceu nos EUA com os gangsters, quando a lei seca deixou de vigorar, eles diminuíram bastante ou acabaram mesmo as suas actividades.

Se a actividade fosse legal, existiriam atestados sanitários para essa gente trabalhadora, também seriam vigiados não só medicamente, mas policialmente, para garantir a sua segurança e erradicar as chulices e os chulos, é o que acontece nos países acima descritos que acabaram com esta actividade parasita ou então são diminutos os casos existentes.

Tem de existir regra e infraestruturas, quem quisesse estar dentro da legalidade, cumprindo as regras estabelecidas dentro das infraestruturas que cumprem as regras higio-sanitárias, teria a protecção policial e da sociedade, quem não quisesse seria alvo de perseguição e reprimida a sua actividade, pois está a contribuir para o desiquílibrio da saúde pública.

Basta seguirmos as regras que no estrangeiro se praticam, não precisamos de inventar nada, lá já deram os seus frutos.

Saibam, caros bloguistas militantes, que há muito tempo, fui a um encontro sindical na Dinamarca, de sindicatos do sector terciário (Serviços, onde se englobam, seguros, bancos, escritórios, etc...).


Fui a esse encontro, através de um sindicato de escritórios e serviços, e lá também estavam representantes sindicais dinamarqueses, particularmente de um sindicato da indústria pornográfica, sentados ao lado dos trabalhadores dos escritórios e outras profissões mais vestidas...

Eles tinham direitos e e lutavam por eles, sem constrangimentos de qualquer parte, claro que para a maior parte dos portugueses que lá estavam, papalvos, isso foi motivo de chacota e de arrozoados pensamentos.

Engraçado foi como descobriram os portugueses isso, um da delegação disse-nos, conheço aquela cara não sei de onde, acho que é do cinema, tenho quase a certeza que é dos filmes pornográficos.

E nós incrédulos dissemos, não , não pode ser, estás a sonhar.

Alguém ( que não eu) discretamente, resolveu perguntar à organização qual o sindicato daqueles 4 individuos...

E realmente eram colegas de trabalho da ciciolina... foi um resto de semana engraçado...

Quando ainda tinha idade para fazer parte de uma Juventude Partidária, apresentei, genericamente, esta proposta, de legalização da prostituição, foi na Figueira da Foz, e fi-lo antes do fenómeno da sida começar a ser conhecido e divulgado e a fazer vítimas como faz agora.

Fi-lo e continuo a insistir, que a dignidade das pessoas que fazem do sexo profissão, precisam dela.

Rejeitaram então os apaniguados dessa Juventude Partidária, jocosamente da minha proposta, perdi por escassa margem.

Vi , recentemente, o secretário geral dessa organização, retomar aflito essa proposta, que antes tinham rejeitado, já passaram alguns anos, espero que não seja tarde demais.

Os abusos, as chulices e outras acções abjectas, tem de acabar, assim como a hipocrisia societária que nos une no assobio para o ar.

Ficamos todos mal no retrato, se andamos a jogar para o submundo nocturno, quem no sexo trabalha, só porque determinada igreja se lembrou de decretar (contra usos e costumes antigos, quem quiser vá ver a história das sacerdotisas) ou de influenciar directa ou indirectamente esta sociedade a dizer que não a essa profissão.

Insistir é enterrar a cabeça na areia, e as consequências violentas na saúde pública vão-se agravando.

É de facto razão para se dizer : MÁ SORTE TER SIDO PUTA.

O Lado Errado da Noite
Santa Apolónia arrotava magotes de gente
Do seu pobre ventre inchado, sujo e decadente
Quando Amélia desceu da carruagem dura e pegajosa
Com o coração danificado e a cabeça em polvorosa
Na mala o frasco de "Bien-Être" mal vedado
E o caderno dos desabafos todo ensopado
Amélia apresentava todos os sintomas de quem se dirige
Ao lado errado da noite

Para trás ficaram uma mãe chorosa e o pai embriagado
O pequeno poço dos desejos todo envenenado
A nódoa de bagaço naquela farda republicana
Que a queria levar para a cama todos os fins de semana
E o distinto patrão daquela maldita fundição
A quem era muito mais difícil dizer não
Amélia transportava todas as visões de quem se dirige
Ao lado errado da noite

Amélia encontrou Toni numa velha leitaria
Entre as bolas de Berlim com creme e o Sol que arrefecia
Ele falou-lhe de um presente bom e de um futuro emocionante
E escondeu-lhe tudo o que pudesse parecer decepcionante
Mais tarde, no quarto da pensão, chamou-lhe sua mulher
Seria ele a orientar o negócio de aluguer
Toni tinha todas as qualidades para ser um rei
No lado errado da noite

Jonas está agarrado ao seu saxofone
A namorada deu-lhe com os pés pelo telefone
E ele encontrou inspiração numa notícia de jornal
Acerca de uma mulher que foi levada a tribunal
Por ter assassinado uma criança recém nascida
O juíz era um homem que prezava muito a vida
E a pena foi agravada por tudo se ter passado
No lado errado da noite

Ele há cargas fantásticas, não há? E ainda existem causas pelas quais temos de carregar.

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