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Toda a brigada tem um cabo... todo o cabo pode chegar a Imperador... todo o Imperador pode mudar o destino de uma nação ... todas as nações podem mudar o destino do mundo ou não...

sábado, 25 de agosto de 2007

Aqui na terra estão jogando futebol

Os "Media". Esse 5º poder, invisível, indiscreto, não sufragado.

Os "Media", que se arvoram a defensores da Democracia.

Os media, que gritam aqui d'el-rei se alguém toca nos deles ou na liberdade de imprensa.

Pois...os "Media"... ( até eu estou a usar um anglicismo para me referir a eles...).

Os "Media" que nos insistem em nos transmitir só uma face da moeda noticiosa.

Mas nunca ou quase nunca, nos dão a face em que são manipulados pelo poder económico, e que só dão as notícias politicamente correctas.

Nunca nos dão a face da moeda em que as notícias que dão são o estereotipo do estereotipo da CNN... a televisão oficial do império. (mas isso é para outro post).

Os "Media" que tão depressa estão de amores com o governo, como com o seu contrário, tão depressa mantém a popularidade do governo com o mandam abaixo... o mesmo acontecendo com a oposição.

Os "Media", que se quiserem conseguem fazer eleger um rolo de papel higiénico que concorre contra um rolo de cozinha.

Os "Media"... ah pois... os "Media"...

Os "Media", que ninguém ousa meter-se com eles...pois as armas são desiguais, nem sequer se trata de um confronto David contra Golias, pois quem detém a informação detém tudo hoje em dia.

Temos meia dúzia de pseudo-jornalistas, que nem sequer foram eleitos, são feitos á pressa, com um português muito pior do que o meu, que teimam em conduzir o país e o mundo á maneira deles ou melhor à maneira como os patrões lhes mandam.

Note-se, eu deixei os Jornalistas (com J grande)de fora... pois existem muito poucos, e sei que não estão contentes com o que os colegas da profissão estão a fazer e a congeminar.

Sim, basta ler alguns manuais de jornalismo, e topa-se à légua que o que se pratica hoje em dia não é Jornalismo, são mais da especialidade da coscuvilhice do que da informação.

Pois ... os "Media".

Sabem meus caros Bloguistas militantes, hoje faleceu Eduardo Prado Coelho.

Eu até nem apreciava muito o senhor, não me identificava com a escrita dele.

Como todos os seres humanos que viveram intensamente, granjeou amigos e fidelizou inimigos.

Mas... esse facto não impede que Eduardo Prado Coelho fosse uma figura nacional, com importância e com relevância.

Ele próprio fazia parte dos "Media" ... mas de outra classe dos "Media".

Mas os "Media" de que ele fazia parte, e estou a falar no todo, quase referenciaram o desaparecimento de Eduardo Parado Coelho, como uma nota de rodapé.

O senhor era professor universitário, foi professor da Sorbonne, escreveu livros, crónicas nos jornais, estava sempre a ser solicitado para entrevistas na TV como comentador.

O que lhe reservaram os telejornais das 13 horas de hoje?

Na TVI foi noticia de fecho, na SIC e RTP foi noticia quase de fecho.

Eduardo Prado Coelho, não se chamava Madeleine...

Não foi raptado, não tinha 4 ou 5 anos de idade, tinha 63 anos quando faleceu.

E quer se gostasse dele ou não, foi uma parte da nossa cultura que partiu com ele.

Mas isso não lhe deu honras de abertura do Jornal da tarde das televisões.

Não! O que teve honras de abertura foi o futebol, o Benfica e o Camacho.

É que eu já me tinha esquecido... Aqui na terra estão jogando futebol.


Meu caro amigo- Francis Hime - Chico Buarque/1976


Meu caro amigo me perdoe, por favor
Se eu não lhe faço uma visita
Mas como agora apareceu um portador
Mando notícias nessa fita
Aqui na terra 'tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n' roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta
Muita mutreta pra levar a situação
Que a gente vai levando de teimoso e de pirraça
E a gente vai tomando, que também, sem a cachaça
Ninguém segura esse rojão

Meu caro amigo eu não pretendo provocar
Nem atiçar suas saudades
Mas acontece que não posso me furtar
A lhe contar as novidades
Aqui na terra 'tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n' roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta
É pirueta pra cavar o ganha-pão
Que a gente vai cavando só de birra, só de sarro
E a gente vai fumando que, também, sem um cigarro
Ninguém segura esse rojão

Meu caro amigo eu quis até telefonar
Mas a tarifa não tem graça
Eu ando aflito pra fazer você ficar
A par de tudo que se passa
Aqui na terra 'tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n' roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta
Muita careta pra engolir a transação
E a gente tá engolindo cada sapo no caminho
E a gente vai se amando que, também, sem um carinho
Ninguém segura esse rojão

Meu caro amigo eu bem queria lhe escrever
Mas o correio andou arisco
Se permitem, vou tentar lhe remeter
Notícias frescas nesse disco
Aqui na terra 'tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n' roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta
A Marieta manda um beijo para os seus
Um beijo na família, na Cecília e nas crianças
O Francis aproveita pra também mandar lembranças
A todo pessoal
Adeus

Ele há cargas fantásticas, não há?

2 comentários:

LEÃO DA ESTRELA disse...

Quando se diz que o Sporting é um clube das elites, isso também tem muito a ver com o facto de ter adeptos e simpatizantes intelectuais como EPC, sem pejo de assumir que gostam de futebol e que têm um clube. EPC não tinha preconceitos pseudo-intelectuais. Era capaz de escrever sobre o “nosso” Sporting e, mesmo assim, ser lido por quem detesta futebol. Porque quando escrevia sobre futebol abordava o fenómeno como uma pessoa normal, com coração, cabeça e estômago. Também por isso, sendo um homem assumidamente de esquerda, chegando, às vezes, a escrever como se de um “spin doctor” do PS se tratasse, era lido e respeitado em todos os quadrantes políticos. Desde a fundação do jornal “Público”, em 1990, EPC escrevia diariamente sobre as grandezas e as misérias da cultura, da política e da sociedade portuguesas, a partir dos episódios do quotidiano. Tinha amigos de estimação. E inimigos também. Como qualquer ser humano marcante e perene.

Cabo Napol "eao" disse...

Obrigado pela sua reflexão Leão da Estrela.