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Acerca de mim

Toda a brigada tem um cabo... todo o cabo pode chegar a Imperador... todo o Imperador pode mudar o destino de uma nação ... todas as nações podem mudar o destino do mundo ou não...

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Educar custa muito caro.

Ao fazer a pesquisa para este post, deparei com este blogue, que achei interessantíssimo, chama-se L&LP (Livre & Leal Português) e apresenta-se assim :
EM RELIGIÃO, CRISTÃO INDIVIDUALISTA; EM POLÍTICA, LIBERAL NEOCARTISTA; NO RESTO, COMO LHE APROUVER. «ESTAI pois firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a meter-vos debaixo do jugo da servidão» (Gal 5:1)
http://livreeleal.blogspot.com/ já sabem é só clicar em cima
Caros Bloguistas Militantes
Dou muitos erros de Português, gramaticais e outros.
Eu dou e sei que dou alguns erros de Português, alguns serão mesmo por dislexia, como confundir os "pre" e o "per", os "pro" e os "por" e outros parecidos, virgulas pontos finais e outras coisas que tais não é muito comigo.
Sempre querendo aperfeiçoar, apesar da vida ser efémera, senti-me com relativa sorte, quando estive a rever uma reportagem que passou na SIC, chamada "O mundo sem letras".
Durante esta reportagem, apeteceu-me vomitar, tão mal me estava a cair esta informação que lá foi veiculada.
A perspectiva que a reportagem nos dá, é uma perspectiva dura, deixa no ar que o atraso do país que estamos se deve ao analfabetismo, e de facto explica muito da causa das coisas que acontecem ou não acontecem cá pelo burgo.
Por mais objectivos que tracemos, por mais metas que tentemos colectivamente atingir, esquecemo-nos deste pequenos pormenores, que nos impedem de chegar a um país melhor.
O "mal" é endémico, já vem de longe, e traduz-se também nas fracas elites que tínhamos e que ainda temos.
Caros Bloguistas Militantes
Reparem bem, no que a iliteracia e o analfabetismo nos podem conduzir.
Tu (e permita-me tratá-lo por tu) que tal como eu conseguimos ler o que está aqui escrito.
Tu e eu se quisermos, poderemos juntar as letras e escrever comentários a este ou outros "posts", esquecemo-nos todos os dias que temos:

  • 9% dos Portugueses não sabem ler e escrever,
  • 9% dos Portugueses não podem aceder à net, nela escrever,
  • 9% dos Portugueses não podem ler jornais, ver filmes legendados,
  • 9% dos Portugueses não podem ler ou escrever uma carta,
  • 9% dos Portugueses podendo aderir a todo e qualquer contrato não sabem o que estão a assinar, se souberem assinar
  • 9% dos Portugueses tem limitação de assuntos que possam discutir, pois não podem ler e aprofundar a informação ainda mais.
  • 9% dos Portugueses apesar de não saberem ler e escrever, não podem invocar o desconhecimento da lei, apesar de nem sequer saberem como lei se escreve.
  • 9% dos Portugueses são analfabetos, e a estes 9% não se sabe qual a percentagem de analfabetos funcionais e de ileterados, ou seja os que aprenderam mas não interpretam, ou não sabem o que estão a ler e outras coisas afim.
  • 9% dos Portugueses em números são cerca de 1,5 milhões.
  • 1,5 milhões de Portugueses que são analfabetos, quer dizer que 1 em cada 10 pessoas que tu te cruzas na rua, nos transportes ou noutro local público é analfabeto.
Caros Bloguistas Militantes,
Façamos a análise política da coisa... que pretensão a minha, vou tentar fazer a minha análise que só por acaso será política (já que não sou nenhum Prof. Marcelo para o fazer).
Se fizermos a comparação entre 1905 e 2009, vemos que em 1905 SEC. XX onde a esmagadora maioria da população não ia á escola, 75% da população desse tempo era analfabeta; Agora em 2009, já no SEC. XXI, passados 104 anos, essa percentagem baixou para 9%.
Se analisarmos bem pelos Censos de 1900: Portugal conta, no continente e ilhas adjacentes, 5.423.000 habitantes, ou seja 75% desta população era analfabeta dá mais ou menos 4 milhões de pessoas.
Mas não sabemos como naquele tempo contavam os analfabetos, alem de que nem toda a gente votava nem toda a gente era considerada cidadão.
Se quisermos ser mauzinhos para com a politica de hoje em dia, analisemos assim, a população activa em 1900 era de 2.457.000 cidadãos, destes 75% são analfabetos o que dá cerca de 1.404.000 cidadãos analfabetos, o que quer dizer que hoje em dia temos 1,5 milhões de analfabetos... Portugal regrediu em quantidade de cidadãos analfabetos, não em termos percentuais mas quantitativos.
É claro que as contas não podem ser feitas assim... mas a análise feita dá que pensar.
Seja qual for o tipo de análise, o certo é que estamos todos a errar no consentimento dado às políticas adoptadas.
Poder-se-á dizer que em termos percentuais, Portugal teve uma grande evolução, tudo indica isso.
Mas o facto de nós não podermos analisar os números em termos brutos mas sim em termos percentuais, leva-nos a outro tipo de comparação, a comparação a outros países da Europa, que sofriam em 1900 o mesmo mal que nós e temos de então comparar a evolução que foi feita, ou seja o êxito das políticas aplicadas.
Ao compararmos com os outros países, vemos que Portugal está, como a maioria das vezes, na cauda da Europa.
Não estou nada positivista em relação a esta matéria.
Os políticos e as políticas não nos "dirigiram" para o caminho certo, temos todos andado literalmente a errar o alvo.
E quando falo dos políticos, vai desde o crónico oposicionista ao governo PCP, passando por o CDS-PP, até aos partidos que se alternam no poder PS e PSD.
E a questão é grave, pois já há muito que cabe ás Autarquias o comando do ensino primário, ou seja o PCP apesar de oposicionista ao governo, é Governo em muitas câmaras do Alentejo desde o pós 25 de Abril, ou seja ninguém está isento de culpas politicamente.
É grave quando analisamos por regiões o analfabetismo, vemos o Alentejo (o tal que o PCP reeinvindica) continua a ser a região do país com a maior taxa de analfabetismo com 16%, e o Concelho com maior analfabetismo, com 32%, é Idanha-a-Nova, no interior profundo e envelhecido no Distrito de Castelo Branco.
A migração para o litoral ou seja a "litoralização" da população, teve e tem efeitos na concentração do analfabetismo, nas regiões do interior.
A reportagem que passou na SIC, mostrou-nos que com o analfabetismo os problemas não terminam, estão sempre, nesta sociedade mediatizada e da informação, a multiplicar-se.
Foram várias as pessoas entrevistadas, acerca das causas do seu analfabetismo, foram entrevistadas pessoas de várias idades, sobretudo mais velhas, o que não exclui analfabetismo nos mais novos.
Os mais novos, analfabetos, tem vergonha de irem à escola, para não demonstrarem a outrem que não sabem ler ou escrever.
É um fardo pesado, houve quem desistisse da entrevista antes de esta ser gravada, e não se quiseram expor, porque escondem das namoradas e dos amigos que são analfabetos.
Tem vergonha de não saberem ler e escrever, foram vários e de diversas partes do país.
Um do Porto, 22 anos, dois de Lisboa, 32 anos e 28 anos, 2 de 18 anos no Alentejo e uma de 17 anos.
Todos nós, na nossa vida já conversámos com pessoas que não sabiam ler nem escrever, mas nunca nos passou pela cabeça que tal acontecesse com pessoas mais novas que nós.
São daquelas coisas que nunca damos prioridade, mas que são invisivelmente prioritárias.
Assistimos assim à inoperacionalidade de todos os governos desde 1875.
Sublinho a palavra todos e 1875, mas não há regra sem excepção, pois apesar de tanto mal que dizem dos governos da I República, estes foram os únicos que fizeram realmente frente ao analfabetismo.
Não brinquemos... desde 1875... ou seja desde que a Europa tomou consciência que o analfabetismo era uma terrível tragédia, e que o começou a combater com sucesso
Portugal, tirando os breves momentos da Primeira República (que nisso estava empenhada, lembro os Centros Republicanos e outras iniciativas) que desceu 10% do analfabetismo, mais nenhuma época se fez algo que fosse significativo relevante.
Convenhamos 134 anos, para conseguir descer de 75% para 9%,uma luta politica que demora 134 anos para descer 64% dos analfabetos, é algo que podemos dizer que foi e é um grande fracasso.
Como diz António Barreto, "a linha geral das políticas educativas foi sempre marcada pela demagogia, i.e., desenvolver depressa para mostrar resultados muito depressa e verificou-se ao fim de 30 anos (...) uma enorme instabilidade na educação portuguesa.
Houve 27 ministros da educação em 30 anos, e como cada ministro tem as suas ideias... as suas invenções não permite estabilidade no processo de organização das escolas, na gestão das escola, nos curricula, nos programas, nos métodos educativos, não há estabilidade no ensino deveria haver estabilidade. Depois os pais interessam-se muito pouco pela escola".
Estatisticamente os Censos de 2001 dizem-nos que 2244 portugueses de 24 anos são analfabetos, com menos de 3o anos são ao todo 38.200 portugueses analfabetos.
O Ministério da Educação estima em que 2% de pessoas com menos de 40 anos são analfabetos, diz o Secretário de Estado que "é uma situação residual..."
Diz António Barreto "É terrível ser-se analfabeto hoje. Ser-se jovem e analfabeto. Há 50 ou 60 anos, nós podíamos pensar que é sempre dramático uma pessoa morrer sem ter lido nada nunca. É terrível culturalmente,(...) podia-se viver assim há 50 ou 60 anos, hoje não pode, um analfabeto hoje com 20 ou 30 anos, está condenado a uma vida quase miserável, culturalmente, pessoalmente, na procura de emprego, na procura de casamento, numa vida social regular, nas televisões, no cinema, nos jornais em toda a informação que se quer ter."
O atraso português tem uma herança pesada, diz a jornalista que fez a reportagem.
António Barreto diz que é possível demonstrar isso "Com os número mais chocantes, os portugueses tinham há 50 anos tantos analfabetos como a Inglaterra há 150 anos ou mais, ou a França ou a Alemanha. O atraso é real, é mensurável, é objectivo, não é fantasia. Quando procuramos as causas encontramos muitas, uma delas é obviamente a pobreza.
E António Barreto, finaliza com uma frase assassina para todos nós "Educar custa muito caro."
A jornalista diz em voz de fundo, meio em termo de pergunta meio em termos de afirmação- Há razões culturais, políticas, ideológicas e religiosas, nos países protestantes encontra-se uma maior tendência para a aprendizagem da leitura e da escrita do que nos países católicos.
Ou seja, dizemos nós, nem a Igreja Católica, escapa isenta deste nosso triste fado.
Verifica-se que a industrialização foi uma alavanca para a escola.
Diz António Barreto- "Reparem é mais fácil um analfabeto trabalhar na agricultura do que um analfabeto trabalhar na indústria. Na indústria precisa de saber/conhecer ou ler algumas instruções e indicações que vêem nas máquinas. Aprender os procedimentos na indústria. Isso facilitou nos países que tiveram indústrias mais cedo desenvolvessem mais a escola"
As percentagens não são nada abonatórias, como já disse atrás, para os governos portugueses, enquanto os governos europeus baixam 30 a 40% em 50 anos, a taxa de analfabetismo, Portugal é o que se vê.
A percentagem de analfabetos em 1875 - Portugal -85%\Espanha- 75%\França - 35%\Inglaterra - 30%\Alemanha- 5%\Países Nórdicos -5%
Em 1925 o combate ao analfabetismo dá resultados pela Europa fora, em Portugal não.
A percentagem de analfabetos em 1925 - Portugal -65% \Espanha- 35%\França - 5% \Inglaterra - 2%\Alemanha- 2%\Países Nórdicos -2%.
Como vemos Portugal não se pode vangloriar da forma como baixou o analfabetismo.
É que a análise diz-nos: não só os outros países conseguiram mais cedo baixar o analfabetismo nos seus cidadãos, muito mais cedo que Portugal, cerca de 84 anos mais cedo, como a percentagem que estes países possuem hoje em dia é 4 vezes menor que a nossa.
António Barreto diz que "As elites portuguesas foram particularmente incultas e ignorantes"
O Estado Novo reduziu a escolaridade obrigatória de 4 para 3 anos, em 1938 o Dr. Salazar afirma na Assembleia Nacional :
"O analfabetismo em Portugal vem de longe, e isso não impediu que, a nossa literatura, fosse, em determinadas épocas fosse extremamente rica".
É por estas e por outras que quando oiço clamar que o Dr. Salazar é que era bom, que me revolta esta maneira de ser dos Latinos com a sua filosofia "Antes é que era bom" mesmo que no tempo do "antes" (ou seja na vigência do Estado Novo) dissessem que "antes é que era bom"... ah" esperem no tempo do Estado Novo não podiam falar...
António Barreto afirmou "Houve debates na Assembleia Nacional, em 1940/50, deputados da União Nacional, havia uma ala modernizadora, que tentava desenvolver a escola, tentavam uma escolaridade obrigatória de 4 anos, uns de 3 anos para as mulheres e 4 para os homens (quando na Europa já era de 6 a 8 anos por todo o lado), há registo s dos debates que deputados disseram :"O povo é sábio, povo não precisa de educação, o povo não necessita de aprender a ler e a escrever, porque quando começa a ler e a escrever porta-se mal, isto foi dito a meio do Séc. XX, na Assembleia Nacional Portuguesa."
A questão é mais grave agora. Agora que estamos na União Europeia, e quando se fala em solidariedade, e politicas de igualdade entre regiões e de subsidariedade, os políticos da U.E. não se preocuparem com a iliteracia dos povos que dela fazem parte, de modo se criarem condições para haver igualdade de oportunidades, é algo que nos devia fazer reflectir.
Sim porque a caminhar assim, qualquer dia, com este nível de iliteracia acabamos por ser os criados da Europa,
Fazemos parte da U.E., é verdade, mas ocupamos os quartos dos fundos ou seja os quartos da criadagem.
Por último e no final queria deixar a referência a um analfabetismo que é o pior deles todos e que as palavras de Bertold Brecht ilustram bem : o pior de todos os analfabetos é o analfabeto político. Oiçam o que se segue...

A cidade é um chão de palavras pisadas - José Carlos Ary dos Santos
A cidade é um chão de palavras pisadas
a palavra criança a palavra segredo.
A cidade é um céu de palavras paradas
a palavra distância e a palavra medo.

A cidade é um saco um pulmão que respira
pela palavra água pela palavra brisa
A cidade é um poro um corpo que transpira
pela palavra sangue pela palavra ira.

A cidade tem praças de palavras abertas
como estátuas mandadas apear.
A cidade tem ruas de palavras desertas
como jardins mandados arrancar.

A palavra sarcasmo é uma rosa rubra.
A palavra silêncio é uma rosa chá.
Não há céu de palavras que a cidade não cubra
não há rua de sons que a palavra não corra
à procura da sombra de uma luz que não há.

ELE HÁ CARGAS FANTÁSTICAS NÃO HÁ? NA BRIGADA NEM OS BURROS DE CARGA SÃO ANALFABETOS. TODOS OS QUE ENTRAM NA BRIGADA SÓ SAEM COM A INSTRUÇÃO ESCOLAR MÍNIMA...

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