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Toda a brigada tem um cabo... todo o cabo pode chegar a Imperador... todo o Imperador pode mudar o destino de uma nação ... todas as nações podem mudar o destino do mundo ou não...

segunda-feira, 23 de maio de 2016

Mais uma corrida, mais uma viagem - Parte 2 - Passagem de uma equipa de transportes para Agente único.



Na continuação da análise aos Transportes Públicos, em que
a principal visada é a CARRIS, e depois da análise genérica 
feita no Post anterior, hoje vamos analisar a primeira desculpa 
que nos deram, e que fez com que os transportes públicos 
funcionem mal.
A partir desta desculpa, foi um ver se te avias, rumo à parte 
mais profunda do "Oceano do mal servir e do desrespeito".

Passagem de uma equipa de 
transportes para Agente único.
Tudo começou com a aniquilação da função de “pica” (cobrador), 
e se passou a Agente único, leia-se, o motorista faz tudo, 
ou seja conduz, cobra bilhetes, faz trocos, fala ao rádio com a 
central, etc…
Queremos aqui, fazer uma nota: Relembramos que o 
Código da Estrada, especifica que falar ao telemóvel é proibido, 
e tudo o que possa causar distracção da condução também.
Apesar do que diz no Código da Estrada, à CARRIS tudo é 
permitido, desde impor aos Motoristas que além de conduzir, 
também têm de cobrar bilhetes, fazer os trocos, ou seja, 
executarem actos tão perigosos como estarem ao telemóvel. 
Acresce, que esta imposição da empresa causam mais atrasos 
no cumprimento de horário das carreiras, além de que, ninguém 
consegue fazer tudo bem ao mesmo tempo.
O facto de ter sido implementada esta medida, implicou o 
despedimento ou a não contratação de centenas de pessoas 
para as funções.
Esta foi a primeira medida da CARRIS 
(a primeira de muitas erradas), 
que contribuiu para o degradar da oferta do serviço de 
transportes públicos.

Esta medida foi agravada com o seguinte: Se a CARRIS
tivesse unicamente acabado com os “picas” e, devido a 
este corte, lhes tivesse dado formação e os tivesse
convertido em motoristas ou recolocados noutras 
funções relevantes, ainda compreendíamos. 
Mas não. Não foi isso que foi feito, e a falta de motoristas 
neste momento é evidente, sente-se e tem impacto negativo 
na oferta regular e pontual dos serviços da CARRIS.
Uma média de 25 minutos de espera, às vezes 40, para chegar 
muitas vezes um autocarro, que só vai até meio da carreira 
(ou seja não faz a carreira completa), é algo que é 
intolerável, mais ainda quando essa empresa é certificada 
(leia-se tem de cumprir critérios de qualidade e 
satisfação do serviço).

Depois tudo vai servir de desculpa para um mau serviço, 
é uma pescadinha de rabo na boca, pois não existem 
mais autocarros porque não existem motoristas, não têm 
mais motoristas porque o governo não deixa fazer mais despesa, 
e formar um motorista leva 6 meses, logo não há mais 
autocarros mais vezes e a mais horas prolongadas no tempo.
O que é que se ganhou com esta medida? 
Nada, a não ser mais desemprego, e uma pior oferta de transportes, 
já que cortaram não só nos "Picas" mas também nos motoristas, 
e como sempre “quem se lixa é o mexilhão”.
Esta foi a primeira medida/mentira que a CARRIS 
(e não só) tomou e foi a partir daqui que 
começaram a prejudicar os utentes.





A Brigada acha que os operadores dos 
transportes andam desencontrados 
com a realidade.

Lá Em Baixo
Sérgio Godinho
  

Lá em baixo ainda anda gente 
apesar de ser tão noite 
há quem tema a madrugada 
e no escuro se afoite 
há quem durma tão cansado 
nem um beijo os estremece 
de manhã acordarão 
para o que não lhes apetece 
e há quem imite os lobos 
embora imitando gente 
há quem lute e ao lutar 
veja o mundo a andar para a frente

E tu Maria diz-me onde andas tu 
qual de nós faltou hoje ao rendez-vous 
qual de nós viu a noite 
até ser já quase de dia 
é tarde, Maria 
toda a gente passou horas 
em que andou desencontrado 
como à espera do comboio 
na paragem do autocarro

Lá em baixo ainda anda gente 
apesar de ser tão tarde 
há quem cresça no escuro 
e do dia se resguarde 
há quem corra sem ter braços 
para os braços que os aceitam 
e seus braços juntos crescem 
e entrelaçados se deitam 
e a manhã traz outros braços 
também juntos de outra forma 
de quem luta e ao lutar 
a si mesmo se transforma

E tu Maria diz-me onde andas tu 
qual de nós faltou hoje ao rendez-vous 
qual de nós viu a noite 
até ser já quase de dia 
é tarde, Maria 
toda a gente passou horas 
em que andou desencontrado 
como à espera do comboio 
na paragem do autocarro

Lá em baixo ainda há quem passe 
e um sonho que anda à solta 
vem bater à minha porta 
diz a senha da revolta 
vou plantá-lo e pô-lo ao sol 
até que se recomponha 
é um sonho que acordado 
vale bem quem ele sonha 
lá em baixo, até já disse 
que é que tem a ver comigo 
e no entanto sobressalto 
se me batem ao postigo

E tu Maria diz-me onde andas tu 
qual de nós faltou hoje ao rendez-vous 
qual de nós viu a noite 
até ser já quase de dia 
é tarde, Maria 
toda a gente passou horas 
em que andou desencontrado 
como à espera do comboio 
na paragem do autocarro

Lá em baixo ainda anda gente 
e uma cara desconhecida 
vai abrindo no escuro 
uma luz como uma ferida 
como a luz que corre atrás 
da corrida de um cometa 
e vejo vales e valados 
no sopé duma valeta 
lá em baixo ainda anda gente 
e uma cara conhecida 
vai ateando noite fora 
um incêndio na avenida

És tu Maria, eu sei, já sei, és tu 
qual de nós faltou hoje ao rendez-vous 
qual de nós viu a noite 
até ser já quase de dia 
é tarde, Maria 
toda a gente passou horas 
em que andou desencontrado 
como à espera do comboio 
na paragem do autocarro


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