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Toda a brigada tem um cabo... todo o cabo pode chegar a Imperador... todo o Imperador pode mudar o destino de uma nação ... todas as nações podem mudar o destino do mundo ou não...

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Aproveitamento da frente ribeirinha

Hoje o blogue em destaque é "Greeman" um blogue sobre jardinagem, com fotos de plantas, insectos e animais mais frequentes de serem encontrados num jardim. http://musgoverde.blogspot.com/ já sabem é só clicar em cima
Caros Bloguistas Militantes
O Porto, Coimbra e Lisboa, possuem frentes ribeirinhas de invejável beleza.
Cada uma das cidades temo perfume com as fragrâncias particulares do Rio que as banha.
Umas possuem um rio com caudal mais abundante outras tem-no com caudal mais exíguo e ainda dependendo da época do Ano.
Quando falo das frentes ribeirinhas não me restrinjo só a Lisboa, Porto e Coimbra. Abro o leque todo e falo de todas as cidades de Portugal que tem perto de si um magnífico rio.
No que toca a estas 3 cidades, quando falo em sub-aproveitamento refiro-me às duas margens.
Particularmente em relação a Lisboa falo em 60 km para montante e 40 km para jusante já apanhando Oceano)e no que concerne ao Porto 15 KM para Montante e 15km para jusante, já Coimbra só mesmo dentro da cidade, já que entramos em paisagem rural muito rapidamente, e descer o Mondego, quer de dia quer de noite é bem bonito, o aproveitamento aqui é bem mais limitado.
Se formos a Paris, vemos as margens do Sena bem aproveitadas.
O sena tem uma espécie de dupla margem, uma em cima e outra em baixo, em baixo poderemos assistir numa espécie de anfiteatros: espectáculos de ensino de capoeira, tango, artes marciais na parte inferior das margens.
Na margem superior temos as pequenas lojas, os artistas plásticos e os alfarrabistas, a dar vida e cor às agradáveis margens do rio.
Em muitas outras cidades europeias, nascidas perto de rios, vê-se uma série de aquanautas a usufruírem daquele bem da natureza com bastante regularidade, ele são restaurantes á beira-rio enquadrados com a paisagem, quer sejam em terra quer sejam em barcos, ele são barcos à vela em actividade de ensino ou recreio, ele são provas ou treino de canoagem, vela, pesca desportiva, jogging e outra infinidade de actividades de lazer, que aproveitam bem a sua frente ribeirinha.
Quando olhamos para as nossas frentes ribeirinhas o desalento é enorme, mesmo sem compararmos com as outras cidades europeias.
O voltar de costas das cidades aos seus rios, muitas vezes até poluídos os deixam estar é profundamente desmotivador, triste, decadente, sem cor e de mau gosto.
A natureza deu-nos rios magníficos e condições excepcionais nas cidades, em particular nas que já citei.
O Porto com aquela encosta recortada é magnífico, tão magnífico que o Douro foi considerado património da Humanidade.
Falamos das encostas vinhateiras do Douro, agora quanto ao Porto própriamente dito, também não aproveita a sua frente ribeirinha.
As cidades acomodaram-se ao seu rio, não estão viradas para ele e teem-no só como paisagem.
Tivesse Portugal outro tipo de povo, outra tipo de gente com estas condições e não tínhamos o Tejo, o Mondego e o Douro tão poluídos e desaproveitados.
Por exemplo: As regatas Oxford/Cambridge efectuadas no Tamisa, poderiam ter em Lisboa qualquer coisa do mesmo género a ser realizadas pelas nossas universidades.
Aliás poderia até ir mais além pois o Rio tem largura e caudal para serem feitos muitos outros desportos.
Mas nós não optámos por essa via, optámos pela via dos contentores em Alcântara, da Fundação Champalimaud em Algés, e outras construções perto do rio e com altura que tiram a beleza toda da paisagem e o gosto de usufruir do rio na sua plenitude.
É o querer o rio só para alguns.
Um aparte, acho piada os cidadãos preocupados com a altura dos Contentores em Alcântara, quando nem 3 Km mais à frente a Fundação Champalimaud, que está a ser construída tem efeito igual ou pior ao dos contentores, mas ninguém se preocupa...
Será que tem a ver com a mudança de "cor" e de Concelho? ...

Neste aspecto o Porto e Coimbra estão muito melhores, talvez porque se faça sentir menos o jugo da gestão do "Porto de Lisboa".
Eu explico, só agora é que o Governo retirou ao Porto de Lisboa a gestão da frente ribeirinha, caso não saibam o "U" que faz a bacia do Tejo e que abrange obviamente ambas as margens, da Trafaria a Cascais, sendo que o meio do "U" é Vila Franca de Xira, não pertence aos terrenos das Câmaras locais, mas é gerido pelo Porto de Lisboa.
Ou melhor era,só agora passou parte da gestão para a C.M.L., o Porto de Lisboa deixou as margens do Tejo ao abandono, nuns locais ainda bem, noutros foi péssimo.
Quem andar pelas terras que Soeiro Pereira Gomes tão bem descreve no seu livro "Esteiros", vê com tristeza uma parte da frente do Rio Tejo nas margens de Alhandra sub-aproveitada, mas não melhora se formos para os lados do Samouco.
O que se quer é que se preserve o micro-clima e a nidificação das aves migratórias, que tem de ser preservada no lado de Alcochete/Montijo, deixando a vida selvagem em paz, mas as margens do rio e os arredores preservados para que a natureza não seja perturbada, e também se quer na outra margem que se crie espaços de lazer, de convívio, de formação como tem o rio Sena nos seus anfiteatros, locais para os artistas plásticos, locais para caminhadas e percursos de bicicleta e também virada para os desportos náuticos .
Ora esta vicissitude não é partilhada em grande parte na foz do Douro e nenhuma parte nas margens do Mondego, pelo menos até Coimbra.
Voltando ao Tejo, só quem nunca subiu o Rio da barra até Santa Apolónia, é que ignora a beleza de Lisboa de quem vem do Oceano Atlântico.
É um mais que um postal turístico, é uma beleza de cor, cheiro, e um despertar para os sentidos que é muito particular.
O facto de fazerem construções desproporcionais e não respeitando os declives dos montes em redor das margens do rio, o facto de colocarem Silos feios e incaracterísticos, acrescentando agora um terminal de contentores gigantes, a fundação Champalimaud, e mais uns quantos condomínios privados de luxo, não ajuda nada o turismo da região e afasta o direito que os cidadãos tem de usufruírem do rio.
A linha de comboio e a parte da marginal entre Cais-Sodré e Algés, funciona como um muro que não deixa também os cidadãos aproximarem-se do rio.
Algumas coisas já foram feitas, como por exemplo passarem finalmente a gestão do espaço para a C.M.Lisboa, não sei se com meios financeiros, mas passaram, assim o cidadão já pode opinar sobre o espaço... para bem ou para mal... veremos...
Qualquer das maneiras ainda não foi feito o suficiente, e assim vemos os centros comerciais cada vez mais cheios o consumismo a ganhar espaço em relação ao lazer e ao desporto e ao bem-estar social.
Um Incentivo à prática dos desportos náuticos, programas voltados para essa prática, pois são também desportos olímpicos e temos condições ideiais para estagiar/treinar.
O desporto e o lazer no rio fazem sentir um carinho diferente pela vida, que o contacto com a água/natureza nos faz reflectir, isso tem de ser incentivado.
A linha de comboio e a marginal entre Cais do Sodré e Algés, tem de ser repensada, talvez como alguém sugeriu uma espécie de ondas, em que alternadamente a linha e a estrada são subterrâneas e noutros locais estão à superfície, acabando assim as barreiras entre a estrada/linha e o rio. Houve tempo que se tomaram as decisões erradas em relação à frente rio nas cidades, já passou a hora de dizer basta, agora está na hora de reverter essas decisões, fazer a obra bem feita, harmoniosa e perfeita e justamente nos devolver o Rio a todos.
E por último que os rios sejam despoluídos, de modo a que os Golfinhos voltem... em particular ao Tejo.


P.S. A minha homenagem a Frederico de Brito, por esta canção com uma letra excepcional.
Canoas do Tejo Letra e música: Frederico de Brito
Canoa de vela erguida,
Que vens do Cais da Ribeira,
Gaivota, que andas perdida,
Sem encontrar companheira

O vento sopra nas fragas,
O Sol parece um morango,
E o Tejo baila com as vagas
A ensaiar um fandango

[refrão:]
Canoa,
Conheces bem
Quando há norte pela proa,
Quantas voltas tem Lisboa,
E as muralhas que ela tem

[1:]
Canoa,
Por onde vais?
Se algum barco te abalroa,
Nunca mais voltas ao cais,
Nunca, nunca, nunca mais

Canoa de vela panda,
Que vens da boca da barra,
E trazes na aragem branda
Gemidos de uma guitarra

Teu arrais prendeu a vela,
E se adormeceu, deixa-lo
Agora muita cautela,
Não vá o mar acordá-lo

[refrão]

ELE HÁ CARGAS FANTÁSTICAS, NÃO HÁ? A BRIGADA NAS HORAS DO LAZER DESFRUTA DO RIO QUANDO A DEIXAM, E RECORDA SEMPRE A ENTRADA EM LISBOA VINDO DA BARRA.

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