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Acerca de mim

Toda a brigada tem um cabo... todo o cabo pode chegar a Imperador... todo o Imperador pode mudar o destino de uma nação ... todas as nações podem mudar o destino do mundo ou não...

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Denny Cranne - post1 - FMI e A ditadura dos Bancos...

Caros Bloguistas Militantes
Após o resultado das autárquicas, só vos digo que estou Triplamente contente mas também estou triste.
Mas Lisboa é mesmo assim uma cidade de contrastes.

  1. O António Costa ganhou Lisboa, embora vá ter algumas dificuldades na A.M.L. devido a não ter maioria, mas isto é o que dá não terem revisto ainda a forma de eleição para as autarquias... o que é pena.
  2. As freguesias da Ajuda e Alcântara, finalmente conheceram o seu 25 de Abril e acabaram com mais de 60 anos de hegemonia Comunista... e mais não digo pois muito havia para dizer... aqui faço a mea culpa pois não acreditei que tal fosse possível... mas ás vezes o povo surpreende-nos pela positiva.
  3. As freguesias de Benfica, Marvila e S.João, foram reconquistadas e ganhas por quem eu tenho consideração.
  4. Tenho um sentimento duplo, que se reporta à fregusia de S. José, fiquei muito contente pelo meu amigo Vasco ter ganho a junta, e fiquei triste por o meu amigo Macieira não ter ganho essa mesma junta. É o que dá ter dois amigos a concorrer à mesma junta por partidos diferentes, para a próxima vou tentar que isso não aconteça.

Hoje destaco o blogue "Arautos de estendal", num país cada vez mais cinzento e sensaborão, ainda há quem seja refinado nas observações que faz. http://arautosdoestendal.blogs.sapo.pt/
Este post hoje é complicado... é mais longo que o habitual... eu explico...
Inspirado em Boston Legal, uma série televisiva de Advogados, que abraça causas e eu adoro essa série.
As causas que eles defendem faz desta série, uma série não só de entertenimento, mas uma série política, que alerta para as discrepãncias da sociedade, e mostra o que um advogado realmente deve fazer... advogar causas.
Foi nalgumas dessas causas eu me inspirei para fazer alguns posts que vou publicar.
Os posts serão denominados e darei destaque ao Advogado Denny Crane, que é o nome do Advogado com mais piada e mais brilhante dessa série.
Uma segunda nota, o post é enorme porque termina com o enormíssimo e brilhante poema/canção de JOSÉ MÁRIO BRANCO sobre o FMI que vale a pena ler e ouvir.


Caros Bloguistas Militantes
Na reunião FMI e do Banco mundial, que esteve a decorrer na Turquia, ouviu-se o seguinte discurso "A velha ordem mundial acabou, não devemos estar com lamentos e lágrimas a lamentá-lo..."
Pergunto eu ... então e os contratos que foram firmados durante a velha ordem mundial, tambem terão morrido com ela?
Na mesma reunião o presidente de um dos primeiros bancos britanicos a entrar na crise Stephen Green -Banco HSBC "A indústria bancária não disfruta de qualquer glória e a indústria, em termos colectivos deve uma desculpa ao mundo por tudo aquilo que aconteceu.E deve ainda ao mundo um empenho para aprender as lições."
Esta reunião traz maus prenúncios, os grandes economistas que nos nos conduziram à crise actual, e que fazem parte do Banco Mundial e do FMI, fizeram um anúncio doloroso, alertou o FMI que o ano 2010 e seguintes vão ser de uma recuperação económica lenta, que nalguns casos, em particular na Europa, pode ser dolorosa.
Os economistas deram-nas a crise, não sabem como sair dela e ainda a vão tornar mais dolorosa, Na humanidade as crises são ciclícas, dificieis e muitas vezes catastróficas.
Parece que nós humanos a única coisa que conseguimos é refinar a arte da guerra, quanto aos restantes afazeres da humanidade lentamente se evoluí nessas matérias específicas...
Tanto tempo para estudar estes fenómenos e para os evitar, maso incrível é que nunca chegam a nenhuma conclusão e não se entendem.
A situação é grave porque muitas vezes as crises dão origem a extremismos e os extremismos a maior parte das vezes conduzem-nos à guerra e á barbárie.
Mas não é disso... ou melhor também é disso que hoje abordamos.
Abordamos hoje a crise conjunta do "Subprime" nos EUA e da crise do imobiliário na Europa, que deu origem à crise que atravessamos.
Quem planeou isto sabe o que nós sabemos, que o ser humano precisa de um lar.
Seja ele comprado ou arrendado, o pessoal tem de quase sempre de ir a o banco.
Na nossa modesta opinião, preferimos arrendamento a compra, isto caso se trate de um apartamento, se se tratar de uma vivenda com terreno preferimos a compra ao arrendamento.
A opcção de compra, a ilusão de ficar dono de uma propriedade ao fim de 50 anos, o facto de não estar dependente de um Proprietário vulgo senhorio, ter uma propriedade só sua...
É mesmo uma ilusão, pois ao fazer um empréstimo bancário, o Proprietário/Senhorio por 50 anos, se lá conseguir chegar pagando as mensalidades todas, é o banco.
Não interessa que a casa fique duas ou tres vezes mais cara que o preço inicial, isto devido aos juros, o que interessa é que 30/40 ou 50 anos mais tarde o pessoal fica proprietário.
São pontos de vista, são prespectivas, mas ficar proprietário de um apartamento de 50 anos... não faz muito o meu género... Se for uma casa/vivenda... aí a música será outra.
O facto é que estamos em crise, e todos assistimos silenciosamente e sem nada fazer à constante perda de casa de muitas famílias devido a penhoras bancárias.
E estas penhoras bancárias acontecem não porque os cidadãos que contrairam empréstimos ficaram sem emprego ou sem salário, acontecem porque apesar dos cidadãos pagarem os acordos com os bancos, estes despuduradamente fazem com que os juros subem por estarem indexados a uma taxa que sabe-se-lá onde está fixada.
Os juros impostos pelos bancos aos cidadãos que contrairam empréstimo para comprar casa e que mais tarde nos tribunais alegam ter sido um acordo livre entre as partes, estes contratos são constituídos por juros variáveis.
Os cidadãos que compraram as casas sem pagar entrada alguma e durante os primeiros tempos tudo corre razoavelmente.
Isto é uma burla muito bem organizada: Os bancos fazem acordos de 2% de juros sem entrada inicial, durante 2 anos, mostram-nos e iludindo-nos dizendo que é uma oportunidade incrível.


Os bancos iludem os clientes que querem uma propriedade e dizem que com o seu empréstimo fazem com que tal aconteça e depois a meio do percurso os bancos com o juro variável os clientes não podem pagar e os bancos tornam-se os seus carrascos.
Os bancos dizem que querem o melhor para os clientes mas fazem-lhes a pior proposta, facilitam a compra de uma casa que sabem de antemão que o cliente não a pode pagar, continuam a subir os juros de 2% iniciais a determinahdo momento ja estão em 12% sobre o pagamento do capital final.
Quando assinam o contrato o empregado bancário explica as pertes do contrato que ao banco lhe convém.
Contrato esse que mesmo para os mais versados nas coisas do direito não é muito perceptível, é que o referido contrato com o banco é recheado de buracos cinzentos e dúbios e as pessoas assinam um documento de empréstimo sem sequer perceber o que estão a assinar.
Não percebem o que quer dizer variavel ou pagamento do capital ou que o pagamento variável é ajustado á taxa euribor ou á do prime... e outras pois elas estão todas ligadas.
E os clientes que não sabem nem percebem quão variável é o funcionamento da bolsa, quão flutuante pode ser e que de repente pode disparar por ali acima como descer por ali abaixo e que o mercado imobiliário face a isto destabilize.
No final o banco obtém nada mais nada menos que todo o dinheiro e a casa.
E em vez do melhor o cliente obtem nada.
No início os clientes podem pagar o aumento evolutivo, mas quando este disparou até mais 30 % do valor inicial e que teimou em não ficar por aí, os cidadãos deixam de os poder cumprir pontualmente o contrato.
É que ainda acresce a isto tudo os pagamentos: da água , da electricidade, do gás, do carro, da faculdade e ainda comprar roupa e comida.
Muitos dos cidadãos tem empréstimos para algumas destas despesas, que curiosamente estão feitas no mesmo banco também a juro variável.
Estes aumentos variáveis dos juros começam por lhes levar as suas poupanças que ainda restam e muitas vezes as dospais e dos familiares directos.
Isto até que deixam de poder pagar um mês, dois meses... e por contrato a falta de pagamento pontual faz com que vença o total restante da dívida...
É através de processo judicial feita a penhora e que após a sentença esta tenha um prazo curto para se poder pagar por completo.
Ora se não se tem dinheiro para um ou dois meses... muito menos se tem para a violência da dívida toda... vai daí o banco penhora-lhes a casa.
Mas recuemos, vamos ao ínicio da história, os bancos prometemmundos e fundos e vendem ilusões por um empréstimo, os clientes tem necessidade, e vãona onda, e enquanto negoceiam o gerente bancário telefona dia sim dia não, finge preocupar-se... mas experimentem não pagar uma ou duas prestações e passarem para o processo de penhora... os bancos deixam de querer falar consigo e se quiser renegociar as divídas nem pense que o vºao receber quanto mais ponderar sobre esse assunto, o que os bancos vão querr é tirar-lhe a casa...
Ficam assim os Bancos com o porco e com o chouriço, qu eé como quem diz com parte do empréstimo pagpo e ainda com o bem que o podem revender...
Os bancos alegam ter o direito de tirar as casas as pessoas....mas será que é assim linear? Será que não lhes podemos fazer frente?
É que aqui quem é o bandido, quem lança o isco, quem formatou esta mentalidade de que é necessário comprar, comprar, e que arrendar é mau, são os mesmos que tem dinheiro para emprestar para essa compra e que delinearam as estratégias e os contratos e fizeram as linhas com que os clientes se vão cozer, e quem estipula as consequências do incumprimento.
Foram estes banqueiros que influenciaram o governos de há 3o anos atrás para convencerem que o povo precisa de comprar casa, foram estes que bloquearam a necessária liberalização do mercado de arrendamento.
Foram este que convenceram o governo a não legislar de maneira a que as Câmaras e as Sanatas Casas, que são os maiores proprietários de Portugal a para com a Caixa Geral de Depósitos, a não colocarem as suas casas em arrendamento livre e justo, no merado regulando assim o mercado.
E porquê? Para poderem os Bancos emprestar dinheiro para os Cidadãos comprarem casa.
Assim fizeram que haja pouco arrendamento, ao existir pouco arrendamento o preço sobe, e temos o absurdo que é o único país europeu que tem o arrendamento mais aro que a compra de casa.
Mas a situaçãoé totalmente favorável aos bancos, pois estes estão no processo todo, estão desde o início das operações que vai desde o empréstimo para a compra dos terrenos aos proprietários, depois dos empréstimos para a compra de material e construção dos edificios pelos construtores civis, seguindo pelo empréstimo para os cidadãos poderem comprar a casa, até á fase posterior se o infurtúnio bater á porta dos cidadãos e o banco penhorar a casa, para depois revender... e essa revenda implica empréstimo... tudo passa pelo banco.
Que grande negócio, que exelente estratégia, como é que todos embarcámos nisso?
Foram os bancos que ajudaram os clientes a fazer as hipotecas, os bancos iludiram os cidadãos dizendo que era um enorme orgulho ajudar os cidadãos a comprar casa.
Agora se os cidadãos não pagam, os bancos não hesitam em colocar uma cara de anjinhos e afirmam estarem profundamente tristes por o cliente perder a casa.
Os Bancos fazem uma burla do crédito hipotecário.
Os Bancos fazem uma burla do crédito hipotecário ás claras e as vistas de todos e ninguem faz nada.
Os clientes que pedem crédito hipotecário para casas foram e são BURLADOS.
Se não podem pagar, novos acordos de crédito estão absolutamente fora do horizonte dos bancos. Desculpam-se com a crise do mercado imobiliário, crise esta que os bancos foram os principais culpados. Os bancos dizem que esta crise não atinge apenas os particulares mas também os bancos... sim ... é capaz de ser verdade... mas quem é que começou a burla e deu origem a isto tudo?
Desculpam-se que as acções desceram 95% e tem cerca de 20% das hipotecas vencidas, e a maioria das outras que ainda não chegaram ao prazo e isto vai piorar nos proximos 2 a 3 anos... Mas quem é que tornou o jogo impossivel?
A taxa que era variável não variou explodiu.
A crise no mercado imobiliário era imprevísivel, os grandes gurus disseram que não havia problemas no mercado imobilíário.
A crise do imobiliario foi imprevisivel, os bancos alegam que o contrato foi negociado, mas sabemos que nao é bem assim.
O que foi feito entre o banco e os clientes foi um pacto leonino, os clientes ou assinam o que lá está escrito ou não hà contrato para ninguem.
E todos sabemos que quem necessita das casas para viver são os clientes portanto sujeitam-se, acresce que a maior parte deles nao percebe "advogades" ou seja a linguagem dos advogados...
A banca alega que não mente aos clientes, o que ela não revela é a verdade toda.
Foi feito um negócio entre o banco e o cliente, que a partir de determinada altura o que parecia um bom negócio para o cleinte deixou de o ser e passou a ser um mau negócio.
Os cidadãos ficam sem dinheiro sem se darem conta disso e deixam de ter poder cumprir o pontualmente o contrato.
Os bancos agarrando-se a isso dizem que as pessoas merecem perder a casa.
E depois escudam-se que os clientes não os podem processar e se processarem os bancos não podem perder porque os clientes incumpriram o contrato.
Mas os bancos tem um problema entre mãos: penhoram as casas e ficam com um bem em mãos que não conseguirão vender e um empréstimo que não será pago.
Acresce que nos próximos 2 anos, muitos milhões de pessoas por todo a Europa e EUA com hipotecas aos bancos estas irão expirar/vencer e uma quantia de muitos milhares de milhões em empréstimos irão vencer, enquanto o valor dos juros sobe e o valor dos imóveis desce.

Essa divida de milhares de milhões será garantida por uma casa que vale uma fracção disso.
No fundo com esta trapalhada toda, foram todos, os bancos e os clientes e os intermediários, apanhados com as calças na mão.
Lembramos que os bancos para os empréstimos sobreavaliam as casas o que agrava mais a coisa.
Os bancos com a política de continuarem a tirar casas as pessoas em vez do dinheiro, resultou em que o banco ficou com acções que valem zero e gente com sede de sangue.
Nos EUA o FBI já reconheceu as fraudes com hipotecas com sendo o crime de colarinho branco que mais aumentou naquele país.
Para quando o mesmo em Portugal?
Nos EUA, e cá também, chegou mesmo ao absurdo dos traficantes de droga se virarem para as hipotecas.
E porquê?
Porque o lucro é alto, a taxa de morte é baixa, claro isto até haver uma revolta popular e as pessoas começarem a matar os engravatadinhos.
É verdade que os bancos perderam dinheiro e que não queriam que isto acontecesse, mas foram eles que ditaram a regras do proprio jogo.
É necessário intervenção governamental, mais regulamentação e quando é a descida os bancos não descem a renda celeremente

VIDEO 1
Vale a pena ouvir o José Mario Branco...antes de ouvir a música.


VIDEO 2 CONTINUAÇÃO



FMI

Cachucho não é coisa que me traga a mim
Mais novidade do que lagostim
Nariz que reconhece o cheiro do pilim
Distingue bem o mortimor do meirim
A produtividade, ora aí está, quer dizer
Há tanto nesta terra que ainda está por fazer
Entrar por aí a dentro, analisar, e então
Do meu 'attachi-case' sai a solução!

FMI Não há graça que não faça o FMI
FMI O bombástico de plástico para si
FMI Não há força que retorça o FMI

Discreto e ordenado mas nem por isso fraco
Eis a imagem 'on the rocks' do cancro do tabaco
Enfio uma gravata em cada fato-macaco
E meto o pessoal todo no mesmo saco
A produtividade, ora aí está, quer dizer
Não ando aqui a brincar, não há tempo a perder
Batendo o pé na casa, espanador na mão
É só desinfectar em superprodução!

FMI Não há truque que não lucre ao FMI
FMI O heróico paranóico 'hara-quiri'
FMI Panegírico, pro-lírico daqui

Palavras, palavras, palavras e não só
Palavras para si e palavras para dó
A contas com o nada que swingar o sol-e-dó
Depois a criadagem lava o pé e limpa o pó
A produtividade, ora nem mais, célulazinhas cinzentas
Sempre atentas
E levas pela tromba se não te pões a pau
Num encontrão imediato do 3º grau!

FMI Não há lenha que detenha o FMI
FMI Não há ronha que envergonhe o FMI
FMI ...

Entretém-te filho,
entretém-te,
não desfolhes em vão este malmequer que bem-te-quer,
mal-te-quer,
vem-te-quer,
ovomalt'e-quer,
messe gigantesca,
vem-te vindo,
vi-me na cozinha,
vi-me na casa-de-banho,
vi-me no Politeama,
vi-me no Águia D'ouro,
vi-me em toda a parte,
vem-te filho,
vem-te comer ao olho,
vem-te comer à mão,
olha os pombinhos pneumáticos que te orgulham por esses cartazes fora,
olha a Música no Coração da Indira Gandi,
olha o Muchê Dyane que te traz debaixo d'olho,
o respeitinho é muito lindo e nós somos um povo de respeito,
né filho?
Nós somos um povo de respeitinho muito lindo,
saímos à rua de cravo na mão
sem dar conta de que saímos à rua de cravo na mão a horas certas,
né filho?
Consolida filho,
consolida,
enfia-te a horas certas no casarão da Gabriela que o malmequer vai-te tratando do serviço nacional de saúde.
Consolida filho,
consolida,
que o trabalhinho é muito lindo,
o teu trabalhinho é muito lindo,
é o mais lindo de todos,
como o astro,
não é filho?
O cabrão do astro entra-te pela porta das traseiras,
tu tens um gozo do caraças,
vais dormir entretido,
não é?
Pois claro,
ganhar forças,
ganhar forças para consolidar,
para ver se a gente consegue num grande esforço nacional estabilizar esta destabilização filha-da-puta,
não é filho?
Pois claro!
Estás aí a olhar para mim,
estás a ver-me dar 33 voltinhas por minuto,
pagaste o teu bilhete,
pagaste o teu imposto de transação e estás a pensar lá com os teus botões:
Este tipo está-me a gozar,
este gajo quem é que julga que é?
Né filho?
Pois não é verdade que tu és um herói desde de nascente?
A ti não é qualquer totobola que te enfia o barrete, meu grande safadote!
Meu Fernão Mendes Pinto de merda, né filho?
Onde está o teu Extremo Oriente,
filho?
Ah-ni-qui-bé-bé,
ah-ni-qui-bó-bó,
tu és 'Sepuldra'
tu és Adamastor,
pois claro,
tu sozinho consegues enrabar as Nações Unidas com passaporte de coelho,
não é filho?
Mal eles sabem,
pois é,
tu sabes o que é gozar a vida!
Entretém-te filho,
entretém-te!
Deixa-te de políticas que a tua política é o trabalho,
trabalhinho,
porreirinho da Silva,
e salve-se quem puder que a vida é curta e os santos não ajudam quem anda para aqui a encher pneus com este paleio de Sanzala e ritmo de pop-xula,
não é filho?
A one,
a two,
a one two three
FMI dida didadi dadi dadi da didi
FMI ...
Come on you son of a bitch!
Come on baby a ver se me comes!
Come on Luís Vaz,
'amanda'-lhe com o José Cacila que os senhores já vão ver o que é meterem-se com uma nação de poetas!
E zás,
enfio-te o Manuel Alegre no Mário Soares,
zás,
enfio-te o Ary dos Santos no Álvaro de Cunhal,
zás,
enfio-te o Zé Fanha no Acácio Barreiros,
zás,
enfio-te a Natalia Correia no Sá Carneiro,
zás,
enfio-te o Pedro Homem de Melo no Parque Mayer e acabamos todos numa sardinhada ao integralismo Lusitano,
a estender o braço,
meio 'Roulant' preto,
meio Steve McQueen,
ok boss, tudo ok,
estamos numa porreira meu,
um tripe fenomenal,
proibido voltar atrás,
viva a liberdade, né filho?
Pois, o irreversível,
pois claro,
o irreversívelzinho,
pluralismo a dar com um pau,
nada será como dantes,
agora todos se chateiam de outra maneira, né filho?
Ora que porra,
deixa lá correr uma fila ao menos,
malta pá,
é assim mesmo,
cada um a curtir a sua,
podia ser tão porreiro,
não é?
Preocupações,
crises políticas pá?
A culpa é dos partidos pá!
Esta merda dos partidos é que divide a malta pá,
pois pá,
é só paleio pá,
o pessoal na quer é trabalhar pá!
Razão tem o Jaime Neves pá!
(Olha deixaste cair as chaves do carro!)
Pois pá!
(Que é essa orelha de preto que tens no porta-chaves?)
É pá,
deixa-te disso,
não destabilizes pá!
Eh,
faz favor,
mais uma bica e um pastel de nata.
Uma porra pá,
um autentico desastre o 25 de Abril,
esta confusão pá,
a malta estava sossegadinha,
a bica a 15 tostões,
a gasosa a sete e coroa...
Tá bem,
essa merda da pide pá,
Tarrafais e o carágo,
mas no fim de contas quem é que não colaborava, ah?
Quantos bufos é que não havia nesta merda deste país, ah?
Quem é que não se calava,
quem é que arriscava coiro e cabelo,
assim mesmo,
o que se chama arriscar, ah?
Meia dúzia de líricos,
pá,
meia dúzia de líricos que acabavam todos a fugir para o estrangeiro,
pá,
isto é tudo a mesma carneirada!
Oh sr. guarda venha cá,
á,
venha ver o que isto é,
é,
o barulho que vai aqui,
i,
o neto a bater na avó,
ó,
deu-lhe um pontapé no cu,
né filho?
Tu vais conversando,
conversando,
que ao menos agora pode-se falar,
ou já não se pode?
Ou já começaste a fazer a tua revisãozinha constitucional tamanho familiar, ah?
Estás desiludido com as promessas de Abril, né?
As conquistas de Abril!
Eram só paleio a partir do momento que tas começaram a tirar e tu ficaste quietinho,
né filho?
E tu fizeste como o avestruz,
enfiaste a cabeça na areia,
não é nada comigo,
não é nada comigo, né?
E os da frente que se lixem...
E é por isso que a tua solução é não ver,
é não ouvir,
é não querer ver,
é não querer entender nada,
precisas de paz de consciência,
não andas aqui a brincar,
né filho?
Precisas de ter razão,
precisas de atirar as culpas para cima de alguém
e atiras as culpas para os da frente,
para os do 25 de Abril,
para os do 28 de Setembro,
para os do 11 de Março,
para os do 25 de Novembro,
para os do... que dia é hoje, ah?
FMI Dida didadi dadi dadi da didi
FMI ...
Não há português nenhum que não se sinta culpado de qualquer coisa,
não é filho?
Todos temos culpas no cartório,
foi isso que te ensinaram,
não é verdade?
Esta merda não anda porque a malta,
pá,
a malta não quer que esta merda ande,
tenho dito.
A culpa é de todos,
a culpa não é de ninguém,
não é isto verdade?
Quer isto dizer,
há culpa de todos em geral e não há culpa de ninguém em particular!
Somos todos muita bons no fundo, né?
Somos todos uma nação de pecadores e de vendidos, né?
Somos todos, ou anti-comunistas ou anti-fascistas,
estas coisas até já nem querem dizer nada,
ismos para aqui,
ismos para acolá,
as palavras é só bolinhas de sabão,
parole parole parole e o Zé é que se lixa,
cá o pintas azeite mexilhão,
eu quero lá saber deste paleio
vou mas é ao futebol,
pronto,
viva o Porto,
viva o Benfica,
Lourosa, Lourosa,
Marraças, Marraças,
fora o arbitro,
gatuno,
bora tudo p'ro caralho,
razão tinha o Tonico de Bastos para se entreter,
né filho?
Entretém-te filho,
com as tuas viúvas e as tuas órfãs
que o teu delegado sindical vai tratando da saúde aos administradores,
entretém-te,
que o ministro do trabalho trata da saúde aos delegados sindicais,
entretém-te filho,
que a oposição parlamentar trata da saúde ao ministro do trabalho,
entretém-te,
que o Eanes trata da saúde à oposição parlamentar,
entretém-te,
que o FMI trata da saúde ao Eanes,
entretém-te filho
e vai para a cama descansado que há milhares de gajos inteligentes a pensar em tudo neste mesmo instante,
enquanto tu adormeces a não pensar em nada,
milhares e milhares de tipos inteligentes e poderosos com computadores,
redes de policia secreta,
telefones,
carros de assalto,
exércitos inteiros,
congressos universitários,
eu sei lá!
Podes estar descansado que o Teng Hsiao-Ping está a tratar de ti com o Jimmy Carter,
o Brezhnev está a tratar de ti com o João Paulo II,
tudo corre bem,
a ver quem se vai abotoar com os 25 tostões de riqueza que tu vais produzir amanhã nas tuas oito horas.
A ver quem vai ser capaz de convencer
de que a culpa
é tua
e só tua
se o teu salário perde valor todos os dias,
ou de te convencer de que a culpa
é só tua
se o teu poder de compra é como o rio de S. Pedro de Moel
que se some nas areias em plena praia,
ali a 10 metros do mar em maré
cheia e nunca consegue desaguar de maneira que se possa dizer:
porra, finalmente o rio desaguou!
Hão te convencer de que a culpa é tua
e tu sem culpa nenhuma,
tens tu a ver,
tens tu a ver com isso,
não é filho?
Cada um que se vá safando como puder,
é mesmo assim,
não é?
Tu fazes como os outros,
fazes o que tens a fazer,
votas à esquerda moderada nas sindicais,
votas no centro moderado nas deputais,
e votas na direita moderada nas presidenciais!
Que mais querem eles,
que lhe ofereças a Europa no natal?!
Era o que faltava!
É assim mesmo,
julgam que te levam de mercedes,
ora toma,
para safado,
safado e meio,
né filho?
Nem para a frente nem para trás e eles que tratem do resto,
os gatunos,
que são pagos para isso, né?
Claro!
Que se lixem as alternativas,
para trabalho já me chega.
Entretém-te meu anjinho,
entretém-te,
que eles são inteligentes,
eles ajudam,
eles emprestam,
eles decidem por ti,
decidem tudo por ti,
se hás-de construir barcos para a Polónia
ou cabeças de alfinete para a Suécia,
se hás-de plantar tomate para o Canada
ou eucaliptos para o Japão,
descansa que eles tratam disso,
se hás-de comer bacalhau só nos anos bissextos
ou hás-de beber vinho sintético de Alguidares-de-Baixo!
Descansa, não penses em mais nada,
que até neste país de pelintras
se acho normal haver mãos desempregadas
e se acha inevitável haver terras por cultivar!
Descontrai baby,
come on descontrai,
arrefinfa-lhe o Bruce Lee,
arrefinfa-lhe a macrobiótica,
o biorritmo,
o euroscópio,
dois ou três ofeneologistas,
um gigante da ilha de Páscoa
e uma 'Graciv Morn' (??) de vez em quando
para dar as boas festas às criancinhas!
Piramiza filho,
piramiza,
antes que os chatos fujam todos para o Egipto,
que assim é que tu te fazes um homenzinho
e até já pagas multa se não fores ao recenseamento.
Pois pá,
isto é um país de analfabetos, pá!
Dá-lhe no Travolta,
dá-lhe no disco-sound,
dá-lhe no pop-xula,
pop-xula pop-xula, iehh iehh,
J. Pimenta forever!
Quanto menos souberes a quantas andas melhor para ti,
não te chega para o bife?
Antes no talho do que na farmácia;
não te chega para a farmácia?
Antes na farmácia do que no tribunal;
não te chega para o tribunal?
Antes a multa do que a morte;
não te chega para o cangalheiro?
Antes para a cova do que para não sei quem que há-de vir,
cabrões de vindouros, ah?
Sempre a merda do futuro,
a merda do futuro, e eu ah?
Que é que eu ando aqui a fazer?
Digam lá, e eu?
José Mário Branco, 37 anos,
isto é que é uma porra,
anda aqui um gajo cheio de boas intenções,
a pregar aos peixinhos,
a arriscar o pêlo, e depois?
É só porrada e mal viver é?
O menino é mal criado,
o menino é 'pequeno burguês',
o menino pertence a uma classe sem futuro histórico...
Eu sou parvo ou quê?
Quero ser feliz porra,
quero ser feliz agora,
que se foda o futuro,
que se foda o progresso,
mais vale só do que mal acompanhado,
vá mandem-me lavar as mãos antes de ir para a mesa,
filhos da puta de progressistas do caralho da revolução que vos foda a todos!
Deixem-me em paz porra,
deixem-me em paz e sossego,
não me emprenhem mais pelos ouvidos caralho,
não há paciência,
não há paciência,
deixem-me em paz caralho,
saiam daqui,
deixem-me sozinho,
só um minuto,
vão vender jornais
e governos e greves
e sindicatos
e policias
e generais para o raio que vos parta!
Deixem-me sozinho,
filhos da puta,
deixem só um bocadinho,
deixem-me só para sempre,
tratem da vossa vida que eu trato da minha,
pronto,
já chega,
sossego porra,
silêncio porra,
deixem-me só,
deixem-me só,
deixem-me só,
deixem-me morrer descansado.
Eu quero lá saber do Artur Agostinho e do Humberto Delgado,
eu quero lá saber do Benfica e do bispo do Porto,
eu quero se lixe o 13 de Maio e o 5 de Outubro
e o Melo Antunes e a rainha de Inglaterra
e o Santiago Carrilho e a Vera Lagoa,
deixem-me só porra,
rua,
larguem-me,
zórpila o fígado,
arreda,
'terneio' Satanás,
filhos da puta.
Eu quero morrer sozinho ouviram?
Eu quero morrer,
eu quero que se foda o FMI,
eu quero lá saber do FMI,
eu quero que o FMI se foda,
eu quero lá saber que o FMI me foda a mim,
eu vou mas é votar no Pinheiro de Azevedo
se eu tornar a ir para o hospital,
pronto,
bardamerda o FMI,
o FMI é só um pretexto vosso seus cabrões,
o FMI não existe,
o FMI nunca aterrou na Portela coisa nenhuma,
o FMI é uma finta vossa para virem para aqui com esse paleio,
rua,
desandem daqui para fora,
a culpa é vossa,
a culpa é vossa,
a culpa é vossa,
a culpa é vossa,
a culpa é vossa,
a culpa é vossa,
oh mãe,
oh mãe,
oh mãe,
oh mãe,
oh mãe,
oh mãe,
oh mãe...
Mãe,
eu quero ficar sozinho...
Mãe, não quero pensar mais...
Mãe, eu quero morrer mãe.
Eu quero desnascer,
ir-me embora,
sem ter que me ir embora.
Mãe, por favor,
tudo menos a casa em vez de mim,
outro maldito que não sou senão este tempo
que decorre entre fugir de me encontrar
e de me encontrar fugindo, de quê mãe?
Diz, são coisas que se me perguntem?
Não pode haver razão para tanto sofrimento.
E se inventássemos o mar de volta,
e se inventássemos partir, para regressar.
Partir
e aí nessa viajem ressuscitar da morte às arrecuas que me deste.
Partida para ganhar,
partida de acordar,
abrir os olhos,
numa ânsia colectiva de tudo fecundar,
terra,
mar,
mãe...
Lembrar como o mar nos ensinava a sonhar alto,
lembrar nota a nota o canto das sereias,
lembrar o depois do adeus,
e o frágil e ingénuo cravo da Rua do Arsenal,
lembrar cada lágrima,
cada abraço,
cada morte,
cada traição,
partir aqui com a ciência toda do passado,
partir,
aqui,
para ficar...
Assim mesmo,
como entrevi um dia,
a chorar de alegria,
de esperança precoce e intranquila,
o azul dos operários da Lisnave a desfilar,
gritando ódio apenas ao vazio,
exército de amor e capacetes,
assim mesmo na Praça de Londres o soldado lhes falou:
Olá camaradas, somos trabalhadores,
eles não conseguiram fazer-nos esquecer,
aqui está a minha arma para vos servir.
Assim mesmo,
por detrás das colinas
onde o verde está à espera se levantam antiquíssimos rumores,
as festas e os suores,
os bombos de lava-colhos,
assim mesmo senti um dia,
a chorar de alegria,
de esperança precoce e intranquila,
o bater inexorável dos corações produtores,
os tambores.
De quem é o carvalhal?
É nosso!
Assim te quero cantar,
mar antigo a que regresso.
Neste cais está arrimado o barco sonho em que voltei.
Neste cais eu encontrei a margem do outro lado,
Grandola Vila Morena.
Diz lá,
valeu a pena a travessia?
Valeu pois.
Pela vaga de fundo se sumiu o futuro histórico da minha classe,
no fundo deste mar,
encontrareis tesouros recuperados,
de mim que estou a chegar do lado de lá para ir convosco.
Tesouros infindáveis que vos trago de longe e que são vossos,
o meu canto e a palavra,
o meu sonho é a luz que vem do fim do mundo,
dos vossos antepassados que ainda não nasceram.
A minha arte é estar aqui convosco
e ser-vos alimento
e companhia na viagem para estar aqui de vez.
Sou português,
pequeno burguês de origem,
filho de professores primários,
artista de variedades,
compositor popular,
aprendiz de feiticeiro,
faltam-me dentes.
Sou o Zé Mário Branco,
37 anos,
do Porto,
muito mais vivo que morto,
contai com isto de mim para cantar e para o resto.

ELE HÁ CARGAS FANTÁSTICAS NÃO HÁ? A BRIGADA VAI PREPARAR-SE PARA DEFRONTAR O FMI, POIS A BRIGADA TEM EMPRÉSTIMOS E VAI REPONDERAR MELHOR SOBRE ESTA COISA DA ECONOMIA...LIVRA...

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