Ah se vocês sonhassem de que tijolos e cimento é feita a parede da Democracia...
Antes demais queria deixar aqui vincado que existe gente honesta na política.
Espantados? Não estejam, é a sério que falo, eu conheço alguns.
Será que temos uma democracia? Ou teremos um "espécie de Democracia?"
Vamo-nos cingir a critérios científicos (que é para isso que eles servem).
Democracia é o governo do povo, ou seja a soberania está no povo.
Mas caros concidadãos, sabem, isto não é a Suíça, não somos assim tão poucos e não temos um Estado do tamanho do Alentejo, se não teríamos referendos permanentes, para questões prementes ou não.
Vamos fazer as contas a 10 milhões de Portugueses, dividimos a soberania (e isto não fazendo contas à moda de um ex. 1º ministro) deixa cá ver...
Pronto dá 1/10.000.000 de soberania a cada português, ou seja é um cagagésimo a cada um.
Ora os ideólogos disseram que não poderia ser e que para o país (este e os outros) ser funcional teríamos de concentrar a nossa soberania.
Por exitir uma Democracia mitigada, os grandes disseram-nos ao estilo D. CORLEONE "I will make him an offer he can not refuse", e vai daí, concentraram e distribuíram a nossa soberania por uma Assembleia…a da República (A.R.).
Passámos assim a nossa quota parte de soberania para os Deputados, é por isso que os elegemos e eles nos representam.
Votar é utilizar a nossa "arma", só que nos deram munições de salva, nós bem que disparamos mas isto fica tudo na mesma.
Logo não vale a pena andarmos por aí aos tiros.
Na A.R., são 230 deputados que representam os 10 milhões de portugueses, logo a soberania quase toda está na A.R., pois o Presidente da Republica também tem uma quota-parte.
Dividindo, a soberania por cada deputado, cada um representa 43.478,2 dessa soberania ou seja representa quarenta e dois mil, quatrocentos e setenta e oito vírgula dois (o virgula dois são os anões) de portugueses.
Quem representa tantos portugueses ao mesmo tempo, obviamente não representa ninguém, fala por toda a gente e não fala por ninguém em concreto.
Os Deputados são eleitos por distritos que representam uma área geográfica enormíssima, que são todos os concelhos desse Distrito, ou seja além de representar aquela parte do território representam também os cidadãos eleitores e não eleitores que lá vivem.
De salientar que algures, na C.R.P. diz que o Deputado representa o todo nacional (daí a bronca do queijo limiano ou seja alguém local quiz fazer um acordo nacional.
Pois é caros leitores (isto já parece o estilo Almeida Garrett, a dirigir-se aos leitores...), mas vocês sabem como é que esses deputados são escolhidos?
São escolhidos por partidos, e, é aos partidos (não aos eleitores) que os deputados devem fidelidade e submissão, pois foram os partidos que os escolheram e indicaram e voltarão a indicar se se portarem bem.
A maioria dos partidos está dividido por distritais e estas em concelhias. As distritais representam geograficamente o distrito e as concelhias são as células que representam o partido no concelho, isto tudo supervisionado pelo partido nacional.
Os 230 deputados nacionais são divididos por distritos, é um rácio feito consoante a população do distrito, Lisboa e Porto são os que elegem mais .
A escolha é feita da seguinte forma, as distritais tem direito a um número X de deputados, dividem esse número de deputados a eleger pelas concelhias que fazem parte do seu distrito (os partidos democráticos está claro, os outros é o comité central que os escolhe).
As concelhias indicam o número de pessoas que lhes coube para candidatas a deputadas à distrital, e assim se obtém a lista de deputados pelo distrito,
Isto seria linear e até democrático, se Presidente ou o Secretario Geral(dependendo do partido) não impusesse uma quota sua, para indicar quem muito bem entende (nos lugares elegíveis) para poder ter o controlo do grupo parlamentar.
Os Presidentes das Distritais por sua vez também impõem uma quota sua e para cumulo o Presidente da Concelhia ainda tem uma quota ou seja nas concelhias pequeninas com direito a indicar um deputado... adivinhem quem ele indica… exacto a si próprio, ou seja existe aqui um jogo de poder, mas isso já sabíamos e agora eu disse como é.
Os restantes deputados são escolhidos pelos correlegionários que pertencem à concelhia... mas não pensem que o universo é o de 100% dos eleitores daquela concelhia... não claro que não...
No caso da concelhia, existem membros que fazem parte dos órgãos e que foram eleitos (aí sim pelo universo dos 100% de correlegionários que estão inscritos no partido, naquele concelho) que votam no numero de deputados disponível depois de depuradas as quotas que acima mencionei...
Bolas já estou cansado de escrever descrevendo esta democracia...
Isto é válido para quase todos os partidos, estas escolhas são feitas entre 3 a 6 meses antes das eleições serem marcadas.
Nos partidos (porque só os partidos podem apresentar listas de candidatos a deputados) dois anos antes já começaram a afiar as facas, para espetar nos camaradas/companheiros do partido para serem eles a concorrer a cargos.
Por isso é que existem tantas “broncas” no PSD/PS/PP isto só para falar de alguns...
As broncas existem por causa do Poleiro meus caros... ah pois é...
Ou julgam que determinado individuo e a sua equipa concorrem a uma concelhia ou uma distrital só porque gostam do partido?
Se fosse assim não mudavam de partido…
É por causa do poleiro, do poder de designar as quotas, do protagonismo, do lugar na Assembleia da Republica ou no Governo, ou de assessor...
A vida de um Presidente de uma Distrital ou de uma Concelhia, não é fácil, imaginem a chuva de telefonemas dos correlegionários a dizerem mal deste e daquele, pois eles e só eles é que são bons e os indicados para o lugar, eles que sempre lhe foram fieis, vale tudo, como alguns tratam da promoção no emprego lixando os colegas (eu que o diga que só tenho jeito para ser lixado) eles assim tratam de concorrer a deputados.
Chegada a hora da verdade, toca a votar internamente a escolha dos deputados... e a concelhia tem Y lugares para indicar á distrital, e esta possui a faculdade de ordenar os nomes...
No final das eleições internas de um partido, existe muita gente furibunda... lixada mesmo... e então aí é que começam as manobras de bastidores... e alguns conseguem através dessas artimanhas políticas entrar nas listas... e até retirarem aqueles que eleitos “democraticamente” foram...
Resumindo, caros bloguistas militantes, entenderam que quando as listas de deputados chegam até nós, já passaram por primárias internas, e pela depuração da distrital, pelos jogos de bastidores e pela aprovação final da nacional do partido.
A escolha foi feita plutocraticamente.
E não falei eu das eleições internas dos partidos, se não vocês veriam que os métodos Estalinistas ligeiros não foram erradicados.
Para deputados, nós escolhemos a escolha da escolha, das escolhas conjuntas, ou seja nós escolhemos a quarta depuração.
Já perceberam que isto é a Democracia dos amigos...
É por isso que são sempre os mesmos...
Um dia falarei sobre o método alternativo a este, até lá temos que gramar esta imitação de democracia...
Estimado ouvinte, já que agora estou consigo
Peço apenas dois minutos de atenção
É p'ra contar a história de um amigo
Casimiro Baltazar da Conceição
O Casimiro, talvez você não conheça
A aldeia donde ele vinha nem vem no mapa
Mas lá no burgo, por incrível que pareça
Era, mais famoso que no Vaticano o Papa
O Casimiro era assim como um vidente
Tinha um olho mesmo no meio da testa
Isto pra lá dos outros dois é evidente
Por isso façamos que ia dormir a sesta
Ficava de olho aberto
Via as coisas de perto
Que é uma maneira de melhor pensar
Via o que estava mal
E como é natural
Tentava sempre não se deixar enganar
(E dizia ele com os seus botões:)
-Cuidado, Casimiro
Cuidado, Casimiro
Cuidado com as imitações
Cuidado, minha gente
Cuidado, minha gente
Cuidado justamente com as imitações
Lá na aldeia havia um homem que mandava
Toda a gente, um por um, por-se na bicha
E votar nele e se votassem lá lhes dava
Um bacalhau, um pão-de-ló, uma salsicha
E prometeu que construía um hospital
Uma escola e prédios de habitação
E uma capela maior que uma catedral
Pelo menos a julgar pela descrição
Mas... O Casimiro que era fino do ouvido
Tinha as orelhas equipadas com radar
Ouvia o tipo muito sério e comedido
Mas lá por dentro com o rabinho a dar a dar
E... punha o ouvido atento
Via as coisas por dentro
Que é uma maneira de melhor pensar
Via o que estava mal
E como é natural
Tentava sempre não se deixar enganar
(E dizia ele com os seus botões:)
-Cuidado, Casimiro
Cuidado, Casimiro
Cuidado com as imitações
Cuidado, minha gente
Cuidado, minha gente
Cuidado justamente com as imitações
Ora o tal tipo que morava lá na aldeia
Estava doido, já se vê, com o Casimiro
De cada vez que sorria à plateia
Lá se lhe viam os dentes de vampiro
De forma que p'ra comprar o Casimiro
Em vez do insulto, do boicote, da ameaça
Disse-lhe: "Sabe que no fundo o admiro
Vou erguer-lhe uma estátua aqui na praça"
Mas... O Casimiro que era tudo menos burro
E tinha um nariz que parecia um elefante
Sentiu logo que aquilo cheirava a esturro
Ser honesto não é só ser bem falante
A moral deste conto
Vou resumi-la e pronto
Cada qual faz o que melhor pensar
Não é preciso ser
Casimiro pra ter
Sempre cuidado pra não se deixar levar
-Cuidado, Casimiro
Cuidado, Casimiro
Cuidado com as imitações
Cuidado, minha gente
Cuidado, minha gente
Cuidado justamente com as imitações"
Há cargas fantásticas, não há?
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